Na presença de Luís de Matos, a linha entre realidade e ilusão é ténue. É o mais premiado mágico português, distinguido três vezes pela Academia de Artes Mágicas de Hollywood. É autor de livros e apresentador de televisão, e, com mais de 30 anos de carreira, continua a esgotar salas de espetáculo em todo o mundo. Rita Nabeiro visitou o ilusionista num dia de ensaios para o espetáculo Impossível Ao Vivo, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, para uma conversa sobre magia, tecnologia e relações humanas.

Parece que os anos não passam por ti.

É um comentário muito generoso, mas receio que não seja verdade. Fazermos o que gostamos ajuda e dá alguma alegria de viver. Não contabilizamos o esforço, o cansaço. As faturas vão aparecendo de qualquer forma, mas tudo se faz de vontade.

 

Começaste muito cedo, com cerca de 11 anos. Conta-me como entraste neste universo da magia.

Aconteceu como normalmente acontece com os miúdos dessa idade: um dia querem ser bombeiros, noutro dia jogadores de futebol, noutro mágicos. Dentro desse flutuar de sonhos indeléveis que amanhã se alteram, há alguns que permanecem durante mais algum tempo. Continuo a achar que, quando for grande, quero ser mágico.

 

É como a criatividade… Ou como tantas disciplinas que fazemos quando somos pequeninos, e gostamos, mas depois se vão perdendo no tempo.

Sim, e neste caso ela foi sempre contida, nunca ocupou um espaço maior do que um passatempo. Continuei a estudar, e com bons resultados académicos, que depois usava para negociar alguma liberdade para fazer o que me apetecesse, como a magia.

 

Eram estudos muito diferentes.

Completamente. Acabei a minha formação académica superior em Engenharia Técnica de Produção Agrícola, com um trabalho de estágio na área da micropropagação in vitro de uma flor. Houve uma altura em que disse: “Bom, é uma chatice só haver 24 horas num dia. Vou ter de tomar uma decisão.” Foi muito racional: “Entre estas duas áreas, quero escolher aquela que, num dia que eu queira, me permita voltar para a outra.”

 

Trabalhaste também na RTP, como apresentador. Tiveste formação ou tinhas uma apetência natural?

Há um padrão de que me apercebi: miúdos tímidos muitas vezes acabam a gostar de fazer magia.

 

Não vais dizer que eras um miúdo tímido.

Ainda hoje sou. Só não sou miúdo, mas continuo tímido. Porque os miúdos tímidos precisam de um encorajamento para exercitarem a sua comunicação, e a magia dá isso. Aprendo um truque, ensaio a ilusão e, quando a vou apresentar, sei que estou em vantagem. Sei que no resultado desta interação não vou ficar mal. É uma coisa que racionalizamos, mas que se vai experimentando. Nessa experiência, és obrigado a encontrar maneiras de veicular ideias, de pedir que façam, escolham, dobrem coisas, o que quer que seja. O que há de comum nestas coisas todas é essa comunicação, que tanto serve para apresentar um programa de televisão como para fazer uma ilusão particular.

Rita Nabeiro e Luís de Matos

Eu continuo sempre a ser enganada pela magia. Enganada, ou devo dizer iludida?

Se eu fosse capaz de voar, teria aparecido nos jornais há uns anos e pronto, sabia-se e já não seria extraordinário; seria antes “Ah, sim, aquele senhor que voa”. O que torna a magia extraordinária é que as pessoas sabem que o que acontece é impossível e, ainda assim, acontece perante os seus olhos. O que nós fazemos não é verdade, é por isso que é digno de aplauso. Há duas atitudes possíveis que cada espectador pode ter perante um espetáculo de magia: pode estar num conflito permanente de tentar descobrir como é feito (e, na minha opinião, isso é mais doloroso e é uma perda de tempo, porque não está em pé de igualdade) ou pode deixar lá fora o escrutínio e a lógica e simplesmente permitir que lhe estimulem a capacidade de sonhar.

 

Às vezes, até com um simples baralho de cartas… E estou do lado do espanto, que é bonito, mas ao mesmo tempo pergunto-me como é que é possível, e quero descobrir.

O espanto é das coisas mais incríveis, é a nossa capacidade de assombro. Acontece com tudo: ficamos admirados e encantados ou com a natureza, ou com este momento, ou com uma atitude de alguém. É isso que nos distingue. De resto, somos muito parecidos com outras espécies de seres vivos. Se não tivermos esse lado emocional…

 

Quando começaste, certamente os teus truques eram mais simples. Recordas-te do primeiro?

A primeira coisa de que me recordo era com um dado que ia de um lado para o outro. Quando persistimos e continuamos a ter gosto por aquilo que fazemos, ficamos programados para que tudo o que experimentamos no dia a dia contribua para o nosso trabalho. Seja porque encontramos inspiração fora da magia, quando as pessoas sugerem algo de extraordinário que poderia acontecer no palco…

 

Queres dar algum exemplo de uma situação que te tenha inspirado?

Em 1995, criei a ilusão dos números do Totoloto na televisão. Não fui eu que tive a ideia, as pessoas é que me diziam: “Ah, se és mágico devias adivinhar era o Totoloto.” Tantas vezes ouvi isso que disse: “Ok, aqui está uma coisa que claramente é uma impossibilidade para as pessoas.”

 

E preencheste…

Não preenchi, porque não queria que acreditassem que era capaz de adivinhar o Totoloto. Nós, seres humanos, temos uma vontade intrínseca de acreditar – em anúncios, em boatos. Estamos muito disponíveis para isso. Acho que a sociedade abusa dessa disponibilidade para acreditar.

 

Cada vez mais.

Recordo-me de estar no auge da concretização e de usar esse momento para dizer qualquer coisa como: “Pensem no que acabou de acontecer. Toda a gente tem a certeza de que eu adivinhei o Totoloto, mas o que eu faço é criar ilusões e, ainda assim, não há explicação para isto.” Se calhar existem outras coisas na vida com as quais as pessoas se deparam e que parecem surpreendentes, parecem milagrosas, e se calhar não são. As pessoas adoram acreditar em algo porque facilita a vida. Aquilo que nós fazemos é de facto mentira, mas parece muito verdade, e é isso que torna bela a experiência.

 

Além de mágico, és também CEO da tua própria empresa. Sabe-se pouco sobre essa tua faceta de gestor. Achei curioso descobrir, por exemplo, que és o teu próprio manager. Como é o teu dia a dia?

Muito sui generis. Na área artística, estamos habituados a ter um triângulo formado por artista, agente e manager. O manager é o estratega da carreira, o agente é quem põe o produto a render e vende para estar aqui e estar ali. Estas três pessoas são o modelo de negócio base no mundo artístico. O meu modelo é completamente diferente. Comecei a fazer programas de televisão e espetáculos muito cedo, ainda estava a estudar. Por isso, pedia ajuda aos meus amigos. E isto aconteceu durante muito tempo, até que percebi o poder de ter um conjunto de pessoas que olham por ti. Em 1995, surgiu a Luís de Matos Produções, que é esse mesmo grupo de amigos, mas agora somos uma empresa.

“Uma vez bem feito, está feito para hoje; mas amanhã vais ter de voltar a fazer muito bem, senão falha. É sempre diferente e nunca corre como planeado.”

E continuam amigos.

Sou padrinho dos filhos de todos… Sim, continuamos superamigos. Quando olhas para o tempo, passaram 25 anos. Pensámos em celebrar de uma forma tradicional, mas os 25 anos coincidiram com março de 2020, então celebrámos de outra maneira: com a obrigatoriedade de nos reinventarmos para nos mantermos vivos.

 

De que forma?

No princípio de 2020, íamos começar 24 semanas em 24 capitais europeias, uma semana em cada cidade, que era o que vínhamos fazendo desde 2013. Fizemos a primeira em Praga e viemos todos para casa, parou tudo. Foi um rombo inacreditável. Aquilo era a nossa essência. Acabou e não tínhamos nada para fazer. Houve um período de duas ou três semanas em que passei por revolta, negação, fiquei deprimido, triste. E depois, sem querer, leio uma crónica do agente da Billie Eilish com um título que mudou completamente a minha vida. Era “sink or swim”, afundar ou nadar. Vi aquilo e disse assim: “Meu, é só a isto que tens de responder. A pergunta não é difícil. Queres afundar-te ou queres nadar?” Isso foi espetacular, mudou-me imediatamente o chip. Toda a equipa estava em casa, eu estava no Estúdio 33.

 

Estúdio 33, que é a tua…?

É o nosso quartel-general. Onde ensaiamos, onde construímos. Tem quartos de hotel, tem camarins, tem teatro, tem jardim, tem heliporto, tem uma biblioteca com cinco mil e tal livros, desde o século XVI até à contemporaneidade. É em Ansião, fica a 20 minutos de Coimbra.

 

É lá que se descobrem os segredos todos.

É lá. É o quartel-general da coisa. Isto era na altura em que se achava que a pandemia ia ser cinco ou seis meses. Estávamos fechados e mandei um e-mail a dizer: “Vamos imaginar, por estúpido que pareça, que a pandemia vai durar dois anos. O objetivo é ter ideias parvas que nos permitam sobreviver durante dois anos, mas em que nada do que habitualmente fazemos pode ser um recurso. Não vai haver espetáculos para empresas, não vai haver Natal, não vai haver digressões… Tudo o que é normal, esqueçam. Façam uma lista de ideias, que podem ser parvas, mas escrevam-nas. Mandem todos para mim. Amanhã reunimo-nos e vou ler cada uma das ideias. Não se vai saber quem disse qual; portanto, o disparate é livre.” Foi muito fácil distinguir o que eram simplesmente devaneios do que eram coisas que, sendo fora da caixa, se podiam fazer. Nós podíamos adaptar o nosso parque de estacionamento e o próprio edifício para fazermos espetáculos em modo drive-in. E começámos a trabalhar nisso. Entretanto, ligou o Pedro Abrunhosa e o Nilton… Estava Portugal parado, no primeiro confinamento, e havia um sítio onde as pessoas podiam ir ver espetáculos e concertos. Era o Estúdio 33.

 

Esta possibilidade de comunhão, de estarmos juntos a ver uma coisa que nos faz rir ou que nos faz pensar ou que nos surpreende. É tão salutar assistir a um espetáculo. Porque é exercitar o que de mais humano existe em nós.”

Na altura, podia parecer quase inútil, mas a arte tornou-se uma boia de salvação.

Absolutamente. O Pedro [Abrunhosa] começa logo o espetáculo a dizer que a cultura declara o país aberto. Foi uma coisa de fazer arrepiar.

 

E funcionou.

Funcionou muito bem. Acabei por fazer 12 ou 13 espetáculos, sempre esgotados. De repente, como era a única sala de espetáculos a funcionar em Portugal, passaram por lá a Carolina Deslandes, o Tim dos Xutos, o Marco Horácio, o [António] Zambujo… E foi assim que acabámos a celebrar os 25 anos, a reinventarmo-nos. Continuamos juntos, no 28.º ano.

 

E de volta à estrada, agora com o espetáculo Impossível Ao Vivo.

Sim. A marca que a pandemia deixou… Sempre que cada espetáculo começa, dou mais valor agora do que antes. Esta possibilidade de comunhão, de estarmos juntos a ver uma coisa que nos faz rir, ou que nos faz pensar, ou que nos surpreende. É tão salutar assistir a um espetáculo. Porque é exercitar o que de mais humano existe em nós.

 

Desde ter a ideia até apresentares o espetáculo, quanto tempo pode passar?

Depende. Podem ser meses ou anos, é muito variável. E depois há uma variável ainda maior. Nem sempre aquilo que é incrível para nós é também incrível para o público, que é quem decide. Não vou parar para dizer: “Vocês não gostaram, mas ouçam, deixem-me convencer-vos de que isto é espetacular.” Não, ou foi espetacular ou não foi. E se não foi, temos de ter a humildade de dizer: “Isto é para tirar do espetáculo.” É um equilíbrio entre ambição e humildade. Ambição porque queremos fazer o que nunca foi feito e trabalhamos naquilo durante seis meses ou um ano, e tudo indica que tocámos ouro. Depois fazemos [a ilusão] e temos zero reação… É doloroso, mas pronto.

 

Recordas-te de um desses momentos de tocar ouro?

Acaba-se sempre por tocar. O que me gera um respeito incomensurável é o público. Porque as pessoas tiveram de tomar imensas decisões até se sentarem nos lugares. Quem está aqui é porque quer muito. A forma como gosto de desenhar os espetáculos é: nos primeiros dez minutos, quero que o público sinta que está no sítio certo e que valeu a pena. Não há uma segunda oportunidade para criar uma boa impressão; por isso, onde invisto mais, em termos de espetacularidade, é sempre no princípio. Isto para responder à tua pergunta: este espetáculo começa com cinco bailarinos em palco; acendem-se os holofotes numa zona do palco; um carro de duas toneladas e meia aparece; saem de lá cinco mágicos; recebem um aplauso, viram-se para trás e fazem desaparecer o carro – e só então é que digo: “Boa noite, sejam bem-vindos.”

 

Aqui mora alguém com fragilidades, inquietações, mas também com capacidade de amar e de ser generoso. Temos de exercitar essas coisas, senão entramos num turbilhão de tal ordem maquinado que a nossa existência deixa de ser relevante para nós próprios.”

É o teu melhor espetáculo de todos?

Acho sempre que o que vou fazer é o melhor de sempre, senão não o fazia.

 

E já houve algum momento que quisesses fazer desaparecer da memória?

Falhanços há sempre. Nunca nenhum espetáculo, muito menos uma ilusão individual, corre sempre como esperava. Ela decorre de uma interação imensa com as pessoas, e é uma coisa que está a ser feita sempre pela primeira vez. Uma vez bem feito, está feito para hoje, mas amanhã vais ter de voltar a fazer muito bem, senão falha. É sempre diferente e nunca corre como planeado.

 

Mas houve algum momento?

Não me estou a recordar de nenhum desastre que seja tão óbvio que tenha sido de um embaraço inacreditável que fica para toda a vida gravado na tua memória.

 

Isso é ótimo sinal. Eu tenho vários!

Mas aprende-se sempre. Mesmo nesses que todos temos na vida, o que fica não é mau. Em geral, aprende-se mais com o erro do que com o êxito. Os espanhóis têm uma expressão espetacular, que é: “Uma pessoa inteligente recupera sempre de um falhanço; uma pessoa burra nunca recupera de um sucesso”. É um bocado isso.

 

Quem te vê em palco não tem essa perceção. Conversando contigo, sente-se uma enorme sensibilidade humana, uma inteligência emocional. Falavas há pouco da preocupação que tens com o público: isso é de um enorme respeito, mas também de uma enorme inteligência. E há pouco, antes da entrevista – permite-me a inconfidência – estávamos a conversar sobre a carta que me escreveste depois de o meu avô partir, dizias que fizeste um espetáculo para os 50 anos de casados dos meus avós… E estavas a contar que fazes isso com alguma frequência sem esperar retorno. Além da exigência que colocas em tudo o que fazes, encontras ainda tempo para esses detalhes. Detalhes no palco e detalhes fora do palco, na vida.

Tenho de ter, sobretudo para a minha própria tranquilidade. É muito fácil deslumbrarmo-nos com as coisas mais efémeras. É normal, por momentos, perdermos a humildade. Mas a coisa mais importante é a relação que temos com a nossa consciência. Aqui mora alguém com fragilidades, inquietações, mas também com capacidade de amar e de ser generoso. Temos de exercitar essas coisas, senão entramos num turbilhão de tal ordem maquinado que a nossa existência deixa de ser relevante para nós próprios. Quando te escrevi essa carta, não esperava nenhuma resposta. Era importante dizer a quem estava mais próximo o que a perda do teu avô significava para mim como pessoa, como profissional, e para o meu país. E é bom exercitar coisas que não sejam necessariamente para ouvir resposta.

 

Não estamos a falar de magia, mas isso teve um efeito mágico.

Fico feliz, assim faz ainda mais sentido. Houve uma coisa que aprendi quando tive um acidente de perda total. Dizem que a imortalidade se perde aos 40, pois comigo foi aos 24. Porque vi-a muito de perto. Vi o carro completamente amassado e a mim não aconteceu nada. Nesse dia percebi uma coisa que a pandemia nos recordou, que é a fragilidade da nossa existência. É tão fixe estar vivo. É incrível, é uma coisa extraordinária, mas que pode acabar daqui a dois ou três minutos. É fixe usufruirmos enquanto podemos conversar, enquanto podemos ser úteis, enquanto podemos interagir… Nunca sabemos qual é a última vez.

Se pudesses usar apenas um truque de magia para mudar o mundo…

Escolheria uma característica que fosse possível fazer relembrar e reaguçar de forma transversal a todos os seres humanos: a tolerância. Estamos profundamente intolerantes com as pessoas que têm opiniões diferentes, com quem vai a passar e sem querer nos dá com o cotovelo. Devíamos todos ser um bocadinho mais tolerantes. Porque ser tolerante não significa não ter opinião, significa respeitar a outra. 

 

Queres dar um exemplo?

Eu tenho uma opinião que não é consensual. Como cresci próximo do Dr. António Arnaut, criador do Serviço Nacional de Saúde e profundo defensor da eutanásia, aprendi a defendê-la. Eu não quero impor a eutanásia a ninguém. Se tu não concordas, não tens de a praticar; mas se não tenho dúvidas para mim, então gostava que as dúvidas de alguém relativamente a si não influenciassem as minhas certezas. Posso manter a minha opinião sem ser necessariamente desrespeitoso para quem discorda, e não tenho de sofrer do paternalismo de quem tem uma opinião oposta à minha só porque a pessoa acha que sabe mais.

 

Falta sabermos escutar.

Não estou a dizer: “Acho que o melhor para ti é a eutanásia.” A palavra eutanásia começa com “eu”, estou a falar sobre mim. Só não é óbvio porque nunca ninguém teve interesse em explicar isto como deve ser. Entre o poder político conservador, a religião, a falta de informação, o que quer que seja, continuamos a navegar aqui num tema que não tem nada de tabu.

 

O que é um dia bom para ti?

É um dia em que não vá para a cama sem ter aprendido alguma coisa, garantidamente. Depois, é um dia em que acorde cedo. Porque só paro para dormir (e paro o mínimo) porque é o que diz no manual: “desligar a máquina todos os dias durante oito horas para não perder a garantia”. Não desligo oito horas, mas…

Para aproveitar mais?

Sim. Tenho um amigo espanhol que todos os dias dorme a sesta. Ainda há dias, fiz as contas e disse-lhe: “Meu, sabes quantos dias de vida tu perdes alheado deste mundo inacreditável só porque achas que dormir a sesta é fixe?” Abrir os olhos e ver tudo o que está à nossa volta e fazer coisas é tão inacreditável: é como viver numa Disneylândia toda a vida e querer estar em todas as diversões. A vida é um bocadinho isso. Se nós a levarmos dessa maneira, cada momento é cheio de excitação.

 

Tens momentos em que consegues parar?

Sim, mas não prolongadamente.

 

Sentes que é desperdício?

Não, eu gosto de parar, de ir de férias. Mas se não conseguir ir de férias dois anos seguidos, também não tem mal nenhum. Quando me der para ir, vou usufruir a 200 por cento.

 

Se pudesses resumir a tua vida numa palavra, qual seria?

Experiência. No sentido de experimentar, de saber se consigo chegar ao destino antes de parar numa bomba de gasóleo, experimentar se isto vai correr bem, experimentar se consigo fazer, se tenho coragem de pedir desculpa. Experimentar é bom. Podemos ficar com ‘experimentar’.