Acaba de comemorar 115 anos resgatando a sua primeira campanha promocional de sempre: quem comprasse um quilo de café teria direito a uma chávena do tradicional café de saco. Foi a maneira de o seu fundador espalhar a palavra e dar a provar o produto: café do bom.

Tíbias e brasileirinhas

As tíbias da pastelaria Lusitana (uma espécie de éclair com creme branco) fazem as delícias dos clientes d’A Brasileira, que sabem de há muito que ali é para se beber café. Há torradas e pastéis de nata; se o apetite apertar, no andar de cima pode almoçar ou jantar – mas bolos e doces é noutro lado. Se estiver de passagem, peça uma Brasileirinha: bebida de café com leite condensado e natas, que é servida no mesmo copo de vidro do café de saco.

 

115 anos

A Brasileira foi fundada a 17 de março de 1907 por Adolpho de Azevedo, vice-cônsul do Brasil em Portugal. Depois de 30 anos à frente do café, Azevedo passou o negócio para Mário Joaquim de Queirós, em 1937. Este, passados 40 anos, em 1977, vendeu-o a Joaquim Domingos Godinho Ribeiro que, por sua vez, em 2004, transferiu o emblemático café bracarense para Armindo Pinheiro, que o deixou para os filhos gerirem.

 

Café de saco

A especialidade da casa é café de saco feito como em 1907. Depois de passar por um moinho manual, o café em pó é colocado num pote de ferro. Água a ferver é vertida em cima. Depois de se mexer bem, para libertar os aromas, a mistura passa um saco de pano, para se coar o café. Vai à mesa servido num pequeno copo de vidro grosso ou numa chávena de expresso – mas não duvide, o que vai beber é café de saco.

 

Três irmãs e um irmão

Fátima, Elvira, Fernando e Carolina Pinheiro são os quatro irmãos sócios d’A Brasileira. Estudaram todos em Braga, uma vez que o pai tinha vários negócios na cidade, como a pastelaria Lusitana e o café Santa Cruz. “Um dia, referindo-se a este icónico espaço, o nosso pai perguntou-nos se tinha gente para avançar com um projeto mais aliciante”, conta Elvira. A resposta já sabemos qual foi.

 

Mão Morta

Conhecido por ser o líder da mítica banda bracarense Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal também escreve livros. O mais recente, O Crespos, foi publicado em fevereiro de 2022 e conta a história de um cliente habitual do café A Brasileira que se sentava sempre na mesma mesa e na mesma cadeira. “Ainda hoje temos clientes que se sentam sempre no mesmo lugar. Podem estar 10 mesas livres, que preferem ficar de pé até que aquela fique livre”, diz Elvira.

 

Renovação

Em 2009, os irmãos Pinheiro renovaram a imagem do café, que ganhou duas novas salas no primeiro piso. “Quando viemos, A Brasileira não tinha quase nada. A oferta era muito reduzida e estava tudo muito degradado”, recorda Elvira. O café fechou durante seis meses para obras nos cinco pisos do prédio. “Tudo o que era possível restaurar foi restaurado”. O primeiro andar foi entretanto transformado em restaurante.