A Espuma dos Dias

Mais de metade do consumo anual da bebida concentra-se em três meses, de julho a setembro. E só com as marcas distribuídas pelo Grupo Nabeiro já seria possível organizar um grande festival.

Bud

Origem: Estados Unidos

Tipo de cerveja: Lager

Acompanha: Bitoque

Não, não lhe faltam letras: em Portugal e noutros países, a americana Budweiser é comercializada com o nome Bud, devido a uma disputa legal com a marca checa homónima, a Budweiser Budvar. Polémicas à parte, a Bud sai de fábrica com a mesma receita há mais de 140 anos. Receita essa que tem duas particularidades: o arroz é um dos seus ingredientes e nos tanques de fermentação são usadas lascas de madeira de faia. O resultado é uma cerveja leve, que refresca mas não enche. O que enche, mas a vista, são os magníficos anúncios publicitários da marca, sobretudo na altura do Super Bowl.

 

Beck’s

Origem: Alemanha

Tipo de cerveja: German Pilsener

Acompanha: Moelas estufadas

Foi uma das primeiras cervejas em todo o mundo a apresentar-se numa garrafa verde. A explicação é simples: na altura da fundação da marca, 1873, havia uma escassez no mercado de garrafas castanhas, as tradicionais. A solução de recurso encontrada por Heinrich Beck – recorrer a um produtor de garrafas para vinho – tornou-se, rapidamente, uma ferramenta imbatível de marketing e ajudou a que a Beck’s se tornasse a cerveja alemã mais consumida em todo o mundo. A chave que faz parte da insígnia deve-se à sua origem, a cidade de Bremen, onde a fábrica original, nas margens do rio Weser, ainda labora.

 

Franziskaner

Origem: Alemanha

Tipo de cerveja: Trigo

Acompanha: Cenouras à algarvia

No dia 23 de abril de 1516, o duque Guilherme IV da Baviera promulgou a Lei da Pureza Alemã, a Reinheitsgebot. O objetivo era garantir que toda a cerveja produzida no estado da Baviera respeitava princípios básicos ao nível dos ingredientes e do preço. A Franziskaner, que é a cervejeira privada mais antiga de Munique – data de 1363 –, ainda hoje produz as suas cervejas de acordo com essa lei e tem o selo IGP, Indicação Geográfica Protegida, atribuído pela União Europeia. Os lúpulos e o malte são cultivados localmente e até a água utilizada é de um poço próprio. E se cheirar a banana, não está estragada; é mesmo assim.

 

Hoegaarden

Origem: Bélgica

Tipo de cerveja: Trigo

Acompanha: Amêijoas à Bulhão Pato

Em meados do século XVIII existiam quase 40 fábricas de cerveja na pequena vila de Hoegaarden, na Bélgica, para apenas 2000 habitantes. Ou seja, um rácio de uma fábrica para cada 50 habitantes. Todas produziam uma cerveja branca de trigo, a witbier, com notas cítricas e de especiarias, receita que fora aperfeiçoada pelos monges da região. A produção entraria em decadência já no século XX. Mas um leiteiro de Hoegaarden, Pierre Celis, que não quis deixar a tradição morrer, agarrou na receita e começou a produzi-la na sua própria leitaria em 1965. A Hoegaarden nasceu assim enquanto marca. E prosperou: hoje é das cervejas de trigo mais populares da Europa.

Leffe

Origem: Bélgica

Tipo de cerveja: Blonde Ale

Acompanha: Pastéis de bacalhau

Reza a lenda que a cerveja produzida na Abadia de Notre-Dame de Leffe era tão deliciosa que, ao domingo, os paroquiantes preferiam reunir-se para bebê-la em vez de ir à missa. O fenómeno irritava o abade, mas a cerveja só deixou de correr nas bicas locais por ação dos invasores franceses, republicanos laicos decididos a banir todas as instituições religiosas. A tradição seria retomada em 1952 por ação do padre Cyrille Nys – perante a frágil situação financeira da Abadia, contactou o mestre cervejeiro Albert Lootvoet e este comprometeu-se a produzir a cerveja de acordo com a velha receita. Assim foi: a Leffe tornou-se um sucesso comercial e os royalties pagos à Abadia ajudam, ainda hoje, a preservá-la.

 

Löwenbräu

Origem: Alemanha

Tipo de cerveja: Lager

Acompanha: Leitão à Bairrada

Era propriedade da Löwenbräu – à época, a principal marca de cerveja bávara – a cervejaria de Munique que Adolf Hitler invadiu a 8 de novembro de 1923, no episódio que ficou para a história como o “Putsch da Cerveja”, um golpe de Estado falhado que, ainda assim, ajudou à sua ascensão. Durante o regime nazi, a marca ficaria conhecida como a ‘cerveja dos judeus’, por vários dos seus administradores serem de origem judaica, e seria feita propaganda contra o seu consumo. Herman Schülein, que com o pai Josef fora um dos grandes responsáveis pela afirmação da Löwenbräu, emigraria para os Estados Unidos em 1936, onde ajudaria a criar a Rheingold, que no pós-Guerra se tornaria a cerveja mais consumida em Nova Iorque.

 

Spaten

Origem: Alemanha

Tipo de cerveja: Lager

Acompanha: Queijo da Serra ou de Azeitão

“Lass Dir raten, trinke Spaten.” O lema desta cerveja – “Deixe-me aconselhá-lo, beba Spaten” – foi criado em 1924 e ainda hoje é impresso no respetivo rótulo. Diga-se, porém, que mesmo antes dessa data o conselho já era seguido por muitos alemães. Gabriel Sedlmayr, o seu grande impulsionador, usou inovações como a energia a vapor e a refrigeração mecânica para torná-la uma das mais populares e produtivas cervejeiras de Munique, ainda no século XIX. A Spaten é, também, uma das mais apreciadas durante o Oktoberfest, altura em que produzem uma edição especial, com receita de 1872.

 

Stella Artois

Origem: Bélgica

Tipo de cerveja: Lager

Acompanha: Francesinha

As origens da marca remontam a 1386 e à fábrica conhecida por Den Hoorn, ou “A Corneta”, objeto que faz parte do logótipo da marca. Mas a primeira vez que uma cerveja com o nome Stella Artois viu a luz do dia foi no Natal de 1926. Essa edição especial para os habitantes de Lovaina correu tão bem que se tornou o standard da marca. É também essa a razão de o copo especial da Stella Artois se assemelhar a um cálice natalício – já agora, por cada unidade vendida desse copo a marca doa cerca de 3 dólares à Water.org, instituição fundada pelo ator Matt Damon que se dedica a dar acesso a água potável a milhões de pessoas em todo o mundo. E ainda há quem diga que a cerveja não mata a sede.