Nome

Sebastião Beltran

Idade

31 anos

Dentro da Delta

Auxiliar de Armazém do Departamento Comercial de Évora

Desde criança que se lembra de andar a batucar com os dedos e as mãos em tudo o que fizesse barulho – e chegou a ter aulas de bateria, mas foi já com 19 anos, quando o pai lhe ofereceu um cajon, que Sebastião Beltran encontrou o companheiro certo para criar ritmos.

Quem olhe para a caixa de madeira não percebe à primeira do que se trata. O cajon é um instrumento de percussão peruano que surgiu na época colonial, em que, por estarem proibidos de ter instrumentos musicais, os escravos criaram estas simples caixinhas de sons. O nome vem daí mesmo: caja, ou seja, caixa em espanhol.

O paralelepípedo em madeira conta com um orifício largo por onde passa o som, que ecoa no interior, onde podem ser colocadas cordas e até guizos. Quanto mais ao centro for o toque, mais grave é o som; nas extremidades, criam-se sons mais agudos. Beltran faz a demonstração com tal rapidez e perícia que o resultado é uma composição a que o corpo reage de imediato com o bater do pé ou com palmas. “O cajon é associado às palmas, ao sapateado e ao flamenco. Acho que já é da minha personalidade ser extrovertido e animado, mas o cajon veio dar força a isso. A boa-disposição reina onde eu estiver.”

E onde está Beltran, está Rafa. É com ele que tem a dupla Rafa & Beltran, que combina o cajon com a guitarra. Em 2013, chegaram ao top 8 do concurso Factor X e, desde aí, tocam em festas e arraiais pelo Alentejo fora. “Tocar e cantar realiza-me de uma maneira… E não é que cantemos brilhantemente: cantamos é com alma, entregamos ali tudo. Às vezes, estou num espetáculo, e até tenho de conter as lágrimas, da emoção que aquilo é para mim.”

Apesar de o hobby ser bem sério, pertence aos tempos livres. De segunda a sexta, encontramos Sebastião no departamento comercial da Delta em Évora, onde trabalha há já seis anos como auxiliar de armazém. Os colegas, que já sabem dos seus dotes musicais, têm sempre pedidos nos jantares de empresa. “No último que fizemos, em que nos juntámos com o departamento comercial de Beja, havia um colega à guitarra. Pusemo-nos lá os dois a cantar, foi festa pela noite dentro.”