Mas a música não é a única arte que se encontra no Guarany, cujas paredes exibem painéis de Graça Morais e um célebre alto-relevo que representa o índio que dá nome à casa.
A arte de Graça Morais
Os dois painéis “Os Senhores da Amazónia” foram feitos pela artista propositadamente para o Guarany. “O meu pai e a Graça Morais são transmontanos e, num almoço da Casa de Trás-os-Montes, ficaram sentados juntos. Daí surgiu a amizade e o convite.” As pinturas contam a história da tribo Guarani. Há ainda nove desenhos sobre papel, intitulados “Os Filhos da Amazónia”, na parede da entrada.
A música
É conhecido como “o café dos músicos” porque foi o primeiro da cidade a ter uma orquestra. “Quando havia algum músico a precisar de trabalho, diziam: ‘vai ali ao Guarany que pode ser que arranjes’”, conta Fernando Barrias. Hoje a música ao vivo continua, com noites de fado a piscar o olho aos turistas.
Fernando Barrias
Em 1982, Agostinho Barrias comprou o Guarany, falido e prestes a dar lugar a um banco. Realizou o sonho de ter um café histórico, onde os empregados usavam jaqueta branca com botões dourados. O filho Fernando mantém o sonho vivo, assim como as jaquetas. É também gerente do Café Majestic, mas jura que gosta dos dois por igual.
A vista
Foi a localização que fez o Guarany. Em 1933, a nova e cosmopolita avenida dos Aliados pedia um café à altura. E o Guarany abriu com requinte, atraindo os intelectuais e banqueiros que ali trabalhavam. Nem faltava o engraxador de serviço à porta. No interior, as grandes janelas oferecem vista privilegiada para o movimento da avenida, que se reflete nas paredes espelhadas.
O chão
O chão é o original de 1933 e uma das características distintivas deste café. Mas há outro chão alguns metros abaixo, agora só visível ao staff. “Quando o Guarany abriu, tinha dois pisos em funcionamento, com restaurante em baixo”, recorda Fernando Barrias. Já foi uma concorrida sala de bilhares, depois galeria de arte, hoje funciona como armazém.
Mobiliário original
Em 2001, o Guarany encerrou para obras durante dois anos, para restituir a traça original do arquiteto Rogério de Azevedo. Saiu o balcão central adicionado nos anos 80, restauraram-se candeeiros, ornamentos e, claro, as cadeiras e mesas originais. Com uma pequena diferença: os tampos de mármore redondos ficaram quadrados, para terem mais espaço para o café servido em chávena Vista Alegre, com um pequeno chocolate de oferta.