Logo na primeira reunião em Lisboa, Philippe Starck (n. 1949) desenhou a lápis os esboços do que viria a ser a máquina RISE – um primeiro ensaio ainda algo distante do resultado final, como se comprova pela então colocação da entrada da cápsula ao lado do encaixe do copo, na parte superior (na versão que vai ser comercializada, as cápsulas já entram pela zona lateral).
“Ele fez imensas perguntas ao João [Branco, responsável pela equipa de engenharia] para saber quais eram as possibilidades de design. Porque por muito que desenhe e diga que tem de ser de uma forma ou de outra, há limitações técnicas que ele não domina”, conta Tiago Mendes, o Design Manager da Diverge que representava as ideias do designer francês junto da equipa de engenharia e gestão. “O diálogo aberto com a engenharia foi muito importante.”
As reuniões entre a equipa portuguesa e o designer francês, natural de Paris, foram uma constante. Ora no escritório da Diverge, ora em casa de Starck – que já há alguns anos vive em Portugal –, ora na terceira via que a pandemia lhes apresentou: reuniões por Zoom. Desta colaboração contam-se também dezenas de e-mails, alguns contendo os esboços da máquina e do copo desenhados à mão. “Starck prefere a lapiseira e papel vegetal a trabalhar com o computador”, acrescenta Tiago, que recebia por e-mail as digitalizações dos desenhos.
“Nós não trabalhámos com uma hipotética equipa de Starck que faria tudo. A ligação foi direta e apenas com ele, que nos entregava os seus esquissos sempre em papel vegetal.”
A partir dos desenhos bidimensionais, João Branco e a sua equipa de engenheiros desenvolveram a máquina em três dimensões. “Construímos a engenharia a partir do desenho e visão de Starck, mas sempre fiéis ao sistema de extração invertido que tínhamos inventado e apresentado ao público.”
Philippe Starck é um designer francês conhecido pela qualidade, criatividade e abrangência das peças, que vão desde objetos de decoração, mobiliário e utensílios de cozinha, como como o icónico espremedor de citrinos Juicy Salif, a relógios e barcos – são também seus os designs do iate de Steve Jobs e do interior da estação espacial internacional para atividades comerciais, Axiom Station.
O contributo criativo do designer francês não se limitou às curvas da máquina – Philippe Starck também desenhou os copos de vidro. Já o orifício na base do copo por onde o café entra, esse é de plástico.
Foi esse perfil notável que levou Rui Miguel Nabeiro a endereçar-lhe o convite para colaborar neste projeto. “Este é um produto superior que merecia algo que aportasse valor, não só na experiência do consumidor, mas também no posicionamento que queríamos para este produto.” É também inegável a ambição internacional que está implícita em ter no nome do produto “RISE Delta Q” seguido de “with Starck”: é um passo determinante para abrir portas a novos consumidores da Delta Q.