Foi no seu escritório que Cristina Ferreira se sentou à conversa com Rita Nabeiro. Com o coração sempre perto da boca, a diretora de entretenimento e ficção da TVI falou sobre o início de carreira, o regresso à sua televisão de sempre, os desafios que o cargo de coordenação lhe trouxe e o equilíbrio que continua a procurar entre a “Cristina da televisão”e a “Cristina da vida real”.
Quando entraste na TVI, em 2002, como jornalista, acreditaste que poderias vir a ser uma das principais figuras da televisão portuguesa?
Não me perguntes porquê, mas sempre soube que a minha vida me ia correr bem. Não sei se foi pela bolha de amor em que cresci, com a certeza absoluta de que, se não desse uma coisa, daria outra. Isto foi sempre o registo da minha mãe, que abdicou da sua profissão para ficar com o meu pai, mas que nunca deixou de trabalhar. Ela fez rissóis, fez cortinados… tudo o que dava, fazia. Se acabava uma coisa, começava outra. Acho que cresci com esse registo. Eu podia ir fazer mil coisas na vida, que daria sempre certo. Quando vou à primeira entrevista, para repórter aqui na TVI, e passa uma à minha frente, e depois vai outra, e outra, aí custou um bocadinho. Pensei: “Calma, não vai ser assim tão fácil.” Mas foi no momento certo. Não temos noção de que a vida nos está destinada. Acredito sinceramente nisso. Vim na altura certa. O [Manuel Luís] Goucha é que apresentava o programa das manhãs, onde eu ia ser repórter. E quando sou escolhida, o Goucha vai de férias e quem o substitui é a Teresa Guilherme. A Teresa, que depois ia apresentar um reality show. Como esteve comigo e gostou de mim, disse: “Há lá uma miúda que era boa para vir para aqui.” Ou seja, se tivesse começado como repórter com o Goucha, podia nunca mais ter feito televisão.
Não acredito… Vou ler uma citação do Manuel da Costa, com quem fizeste um estágio de três dias, em que deves ter criado um grande impacto. Ele escreveu na avaliação: “A ter em conta no dia em que houver uma entrada na RTP. Esta miúda devia estar no topo da lista.” Lembras-te disto?
Lembro-me perfeitamente e lembro-me do ingrato que foi ter tido essa avaliação. O Manuel foi um coordenador maravilhoso, que me deixou fazer, que me deixou errar. Mas ele diz: “Não a desperdicem.” E depois dizem-te: “Adeus, vai lá à tua vida.”
Voltaste a falar com ele?
Não voltei, mas tenho-o presente na minha memória, porque ele não me deixou desistir. Quando ele diz isso, e a seguir vou dar aulas, pensei: “Vai ser o meu destino, dar aulas, e não vou voltar à televisão.” Mas aquilo estava lá gravado. Ele deu-me ânimo: “Eu sei que fiz bem, portanto, se algum dia uma porta se abrir outra vez, vou aproveitar a oportunidade.”
Rita Nabeiro e Cristina Ferreira
E reconheces a importância de pessoas como ele para nos incentivarem? No teu dia a dia, certamente cruzas-te com potenciais Cristinas.
É verdade, e faço exatamente o mesmo. Quando essa pessoa tem talento, sou muito mais exigente e tento que perceba que a minha forma mais intempestiva, para que faça mais e melhor, é só porque eu acredito nela. E faço questão de falar com os meus colegas da administração e dizer: “Este miúdo…” Porque há tão pouca gente hoje em dia com vontade, com a certeza de que só com o trabalho conseguimos, que quando os encontramos não os podemos largar. Essas pessoas são o futuro. Quando os encontro – e eu tenho olho –, tento não os deixar fugir.
Como é a Cristina atrás das câmaras? Esse lado de coordenação… Estás atenta às pessoas e aos detalhes?
Sim, sou a Cristina chata. Sou muito mais calada e introvertida quando não estou à frente das câmaras. A televisão é um trabalho muito sério e os telespectadores merecem-nos um respeito tremendo, portanto, temos de ir ao mínimo pormenor. Sou perfecionista. Se houver espaço para melhoria e crescimento, exijo isso de qualquer pessoa à minha volta. Acho que é dessa maneira que construímos equipas que são invencíveis – quando todos procuramos a perfeição. Não é atingível, sabemos, mas se andarmos atrás dela, vamos fazer melhor do que os outros. E nisso sou muito chata.
Melhor do que os outros ou melhor do que tu própria fizeste no dia anterior?
Eu própria. Sou muito má para mim. Num programa de três horas, posso ter sido brilhante – se me enganei numa coisinha que não queria, já estragou tudo. Não devia ser assim.
Com a idade não aprendemos a ser um bocadinho mais meigos connosco próprios?
Aprendemos. Estou muito melhor hoje, também muito melhor com os outros. Quando comecei no Você na tv!, eu já tinha ares de coordenação. Estimulava a equipa, dava muitas ideias, dizia como se devia fazer. Era muito mais intensa, porque me enervava e era logo bruta a dizer as coisas. Nisso fiquei muito mais calma.
Falas muito do Você na TV! e sei que teve um papel muito importante na tua carreira.
Foram 15 anos da minha vida.
E o curso com o Emídio Rangel, sentes que mudou a tua vida?
O curso foi a maior sorte. É isso que muda a minha vida. Ali percebi que queria muito aquilo. Se a partir dali não tivesse tido oportunidade, tinha-me custado muito. Quando ela surgiu, não a deixei fugir. Acho que tem sido assim a minha vida inteira.
“Só consegues ganhar se fores verdadeira. O filtro da televisão é muito mais ténue do que as pessoas possam imaginar. Só tinha a hipótese de ser o que sou.”
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A maior de todas. Só consegues ganhar se fores verdadeira. O filtro da televisão é muito mais ténue do que as pessoas possam imaginar. Quem está do outro lado percebe-te, conhece-te, sente-te. Se não fores verdadeira, eles vão desiludir-se contigo e deixam-te. Só tinha a hipótese de ser o que sou.
Por um lado, tens milhões de pessoas que gostam de ti, mas também tens humoristas que brincam com coisas que dizes. Como lidas com isso?
Da melhor maneira possível. Podem brincar como entenderem. Sou motivo de meme desde que cheguei, porque falo alto, porque sou meio “esparvoeirada”, porque eu e o Goucha fizemos as coisas mais inacreditáveis. Nunca tive vergonha do ridículo, por isso, às vezes, ultrapasso limites. Sei disso. Podem brincar à vontade. Há uma frase que diz: “Só és original quando tiveres pessoas que gostam muito ou que não gostam nada.” Porque estás naquele limbo de marcar a diferença. Não podemos agradar a todos.
Mas certas coisas também magoam, ou não?
Muito.
Lançaste o livro Pra Cima de Puta, em que abordas isso, sobretudo as redes sociais. Efetivamente, é preciso falar sobre isso. Eu tive o meu primeiro hater esta semana… [risos]
Bem-vinda.
Como é que se lida com isso?
Aprende-se. Só tens uma hipótese, quando tens milhares de pessoas que dizem que gostam muito de ti e milhares que dizem o contrário: é não absorver nem umas, nem outras. Fazeres o teu caminho, de consciência tranquila. Sempre o fiz. Fui amada por um país durante muitos anos, e quando decido voltar para a TVI, eu não estava a fazer mal a ninguém… Só queria voltar a um sítio onde estava bem. Porque já não estava feliz onde estava e tinha tido uma proposta irrecusável. Mas as pessoas não perceberam, e magoaram-me.
Sentiste-te injustiçada nessa altura? Ainda que o livro não seja só sobre ti.
Senti.
Este é um título que vem dizer que não devemos julgar um livro pela capa, tal como não devemos julgar uma pessoa pelo exterior.
O livro é da minha autoria. Quando liguei ao meu editor a dizer o título… Ele ficou muito aflito.
É provocador.
Os insultos que recebia eram “para cima de…”, sabes? Achei que tinha de ser tão forte e tão marcante como o que ali estava, que tinha de fazer parar as pessoas diante do livro, perante o assunto que estávamos a discutir. Foi difícil. A campanha toda que foi feita à volta – porque sabemos muito bem como construir junto das pessoas uma imagem de quem quer que seja – foi difícil de reverter. Eu não estava todos os dias no ar, as pessoas não me viam. Lá está: não me sentiam. Só quando voltei a estar diariamente com elas é que perceberam que a Cristina continuava ali, igual, como sempre.
Cristina Ferreira com Manuel Goucha no Você na TV!, da TVI.
Voltas para a TVI, mas com funções e responsabilidades diferentes.
Gosto genuinamente de criar, de fazer acontecer, muito para lá de ser apresentadora. As pessoas perguntam-me: no dia em que eu deixar a televisão, como é que vai ser? Eu adoro o que faço, acho que teria muitas saudades de entrevistar pessoas. Mas estou preparadíssima para trabalhar só em bastidores. É tão bonito ver nascer projetos e entregá-los a outros.
Desdobras-te em muitos chapéus. Vemos-te de manhã, vemos-te à noite, vemos-te no escritório…
Ainda tenho uma loja, tenho uma revista.
Além desse lado, a que ainda nem cheguei. Tens noção de quantos chapéus tens na tua vida?
Não, mas tenho noção de que a pressão de ter muita coisa me é favorável no trabalho. Os dias em que estou mais tranquila são os dias menos produtivos. Não tenho, até hoje, uma agenda física: está tudo na minha cabeça. Não me perguntes como… acho que é uma forma de exercitar o cérebro.
Um dom.
Sou profundamente organizada. Sei que saio àquela hora e depois está tudo certo: não há cinco minutos de intervalo. Está tudo contabilizado. E faço jantar para o meu filho, vou às reuniões… Faço questão de ter horários. Preciso de chegar a casa a determinada hora e de desligar.
O que fazes no teu tempo livre?
Adoro não fazer nada! Que é uma coisa tão difícil de fazer. [risos] Tenho a sorte de viver no campo. O silêncio acalma-me muito. A minha mãe e a minha tia vivem à minha volta, somos muito de convívios. É só chegar, vestir a roupa – que ainda bem que ninguém vê, que é a roupa prática de casa – e jantar com elas. E é só isso. Depois gosto muito de viajar: deixo de ser a Cristina que toda a gente conhece. Há quem não entenda o porquê de ter de sair. Se estivessem no meu lugar, percebiam. Aquilo que mais quero é estar num sítio…
Em que não sejas “a” Cristina.
Exato. Onde não me conheçam nem tenham um juízo preconcebido em relação a mim.
E viajas com muita frequência.
Sim, mas só comecei a viajar perto dos 30 anos. Os meus pais não tinham esse hábito – era trabalho, trabalho e estava feito. Eu sonhava com as viagens. Quando pude… foi uma sensação de concretização, de descoberta.
E permite-te desligar. Não respondeste à pergunta dos chapéu… Lançaste a revista, a Cristina Talks… Como é que surgiram esses projetos?
Na maior parte, eu não fui à procura.
Também tem um bocadinho de entretenimento, não é?
Tem. Se não gostar deles, não os faço. Tenho de gostar realmente do que estou a fazer. É um lado empreendedor que me foi dado por um tio, que não sabia ler nem escrever, mas que foi o homem de negócios mais fascinante que conheci. Era eu que lhe preenchia os cheques, porque ele não o conseguia fazer. Apostava na bolsa, sozinho, sem pedir opinião de ninguém. Sempre achei aquilo maravilhoso. Tornou-se um dos homens mais ricos da região, e aí percebi: tu não és o que eras em criança nem o teu percurso, não é isso que te define – é a tua vontade de fazer.
Mas há um lado que não é apenas negócio.
A Cristina Talks não foi de todo um negócio. Foi um sentimento que foi criado em todos nós e que nasceu sem sabermos muito bem qual era o conceito. Era quase um programa de televisão, mas cada pessoa partilhava a sua história sem que eu tivesse intervenção. “O palco é teu, diz o que quiseres a estas pessoas, diz-lhes de que forma é que as podes motivar.” Porque as nossas vidas podem motivar os outros.
“Tenho a sorte de viver no campo. o silêncio acalma-me muito. a minha mãe e a minha tia vivem à minha volta, somos muito de convívios.”
Cristina Ferreira já discursou em cinco edições da Websummit, entre Lisboa e Rio de Janeiro.
Quantas pessoas já lá passaram, tens ideia?
Já tivemos 50 ou 60 mil pessoas. Quando quis marcar o Altice Arena, toda a gente me disse: “És maluca, é impossível fazermos isso.” Isto é um defeito que eu tenho: pensar em grande.
Sentes que estás a viver um sonho? Ainda que seja um sonho que dá muito trabalho.
É um sonho que dá muito trabalho e que às vezes me coloca algumas dúvidas. Tenho tudo o que quis – e, às vezes, ando à procura de outras coisas. Porque gosto de recomeços, não gosto de me sentir a fazer a mesma coisa durante muito tempo, e isso é muito difícil. Quando saí da SIC, percebi que já tinha feito tudo o que podia ter feito ali. Seria muito difícil manter-me num sítio onde ia ser só o ramerrame diário. Isso é tramado, porque pode levar-te por caminhos apertados.
Repetirias tudo?
Tudinho. Tenho zero medo de andar para a frente porque tenho essa facilidade: se não corre bem, ‘bora, o que é que vem a seguir? Fui sempre assim, em tudo.
No amor também?
Demorou um bocadinho mais tempo, mas também resolvi.
Neste universo televisivo e mediático, é difícil ser mulher?
Para seres só apresentadora, até é muito bom seres mulher. Agora, quando começas a atingir posições de poder, de decisão, aí começam a aparecer as dificuldades. Aí tens de provar que mereces a oportunidade, tens de falar mais alto, de mostrar porque é que estás ali. Sou contra as quotas. Se nós, mulheres, quisermos, acho que temos. Mas temos de ser nós. Sou a prova disso: ganhei mais do que qualquer homem na televisão em Portugal. É possível. Mas será possível muitas vezes? Não, e é por isso que temos de batalhar. Agora, se uma mulher quiser, ela vai conseguir. O que é que tem de eliminar? Sentimentos de culpa, que há muitos, quando se tem família e filhos. Sinto que isso é que aprisiona a maior parte das mulheres. Porque se tens uma reunião no estrangeiro, perguntam-te com quem ficou o teu filho – se um homem, vai ninguém lhe pergunta isso. Se um homem chega a casa todos os dias tarde, não lhe perguntam se foi dar o jantar ao filho, mas à mulher perguntam. Isto vai ecoando de forma a que a mulher se sinta mal, porque sente que não está a dar à família o que lhe era imputado. Quando te libertas disso e percebes que o teu filho será muito mais feliz se tiver uma mãe que seja realizada profissionalmente e que faça aquilo de que gosta, percebes que estás a dar ao teu filho muito mais do que comida num prato. Tentei sempre dizer isto em televisão, nem sempre sendo entendida.
Há muitas mulheres que passam por isso, mas como não se fala…
Entendi sempre a televisão dessa forma: se tu o disseres, podes levar algumas pessoas a não gostar de ti, mas libertas outras desse peso. Entendi-o como um papel meu na televisão.
Com Cláudio Ramos no Programa da Cristina, SIC.
Devolvo-te uma pergunta que me fizeste há pouco tempo. Quando se chega ao topo, sente-se uma responsabilidade acrescida?
Muito. Quando pensas em desistir e tens mensagens que te chegam diariamente de pessoas que dizem: “É a Cristina que me dá força.” É assustador, porque sentes que as pessoas estão a espelhar a sua vida em alguém que só conhecem da televisão, mas depois é muito prazeroso perceber quando dá certo, quando as ajudaste alguém a dar um passo. Mas há essa responsabilidade: e se fazes mal?
Quem é que te inspira?
Qualquer pessoa que viva em liberdade. Ao longo da minha vida, esse tio inspirou-me muito. A forma de estar da minha mãe inspirou-me muito. Hoje recebi a atleta paralímpica que recebeu o ouro no Boccia. É uma miúda que tem paralisia cerebral. Não pôde estudar, porque a nível cognitivo não tinha essa capacidade. Não conseguiu tirar a carta, porque nunca passava no código. E a felicidade dela hoje ao dizer: “mas faz-se o que é possível”. Estas pessoas inspiram-me muito.
Ao final do dia, depois de ouvir histórias tão difíceis, ainda que algumas sejam de superação…
Tens de ter truques, é um bocadinho como os médicos. Tu ouves histórias muito duras e tens de as apagar imediatamente da tua cabeça – algumas não saem. Tenho convidados que ficaram para toda a vida. Mas tens de as apagar, porque sabes que no dia a seguir tens outra pessoa à tua frente e que o trabalho que tinhas a fazer com a anterior está feito.
O meio televisivo está a sofrer grandes transformações. Os programas de entretenimento são reféns das audiências? É o público que escolhe ou é o contrário?
As empresas privadas ainda têm de ser reféns da audiência, que dá o retorno necessário para continuarmos a fazer programas. É óbvio que estamos todos em transformação. A forma de ver televisão mudou, o público mudou, o dinheiro é escasso. Há grandes plataformas com grandes orçamentos. Não consegues fazer uma série que custa um milhão de euros por episódio, não tens esse dinheiro em Portugal. Portanto, como é que consegues atrair a atenção em produtos muito menos dispendiosos? Só tens uma hipótese: trabalhar na emoção, seja ela qual for. É a única coisa que prende. Por isso é que um jogo de futebol prende a atenção, uma novela prende a atenção, um reality show…
Agora vou ser um bocadinho…
Boa, ‘bora!
Será que às vezes não deseduca mais do que educa?
Não acho, sou profundamente fã. Quem souber olhar para um reality show da forma certa, pode aprender tanto… Vemos nos outros o reflexo das nossas atitudes. Nós falamos daquelas pessoas, mas, se fôssemos para lá dentro, seríamos iguais a eles.
O formato dura há anos.
Nós temo-lo há 22 anos. Continua a ser o formato de maior audiência. Estreei agora um Secret Story, outra vez com audiências brutais. No dia a seguir, o meu filho tentou descobrir quais eram os segredos de cada concorrente. Como é que consegues captar a atenção de um miúdo de 16 anos? Temos de fazer este balanço entre o que o público gosta e o que lhe podemos dar…
Que recordações guardas da tua infância?
Estou no sítio onde cresci, é [para] lá que volto todos os dias. É muito fácil nesta profissão andares a planar e sentires-te maior do que os outros. Quando voltas ao teu sítio, percebes que não mudou nada. Isso foi crucial para eu nunca virar parva. Estar naquele sítio é muito melhor do que estar na televisão. Ninguém compreende isso… Sei o que é o reconhecimento dos outros quando na rua me abordam, quando tenho um lugar no restaurante que outra pessoa não teria porque digo que é para a Cristina Ferreira… Há milhares de vantagens. Mas adorava que, quando saio da televisão, ninguém soubesse quem sou. Era aquilo de que eu mais gostava, porque preciso tanto de ser, só ser. Tento manter sempre essa distância, entre a Cristina da televisão e a Cristina da vida real. A da televisão é a mesma, só que está numa situação de purpurinas.
Arrependes-te de alguma coisa?
De zero.
E de que te orgulhas verdadeiramente?
De andar na Malveira e toda a gente me reconhecer como a mesma Cristina de sempre. Quando a autarquia deu o meu nome a um anfiteatro, emocionei-me muito. Primeiro, porque não estava à espera, e depois porque foi exatamente no mesmo lugar onde eu ajudava a minha tia a vender nas feiras. Achei aquilo tão simbólico. Aquela placa vai ficar lá eternamente. Se servir para que um dia, daqui a 100 anos, alguém procure a minha história e perceba que não somos o sítio de onde viemos, mas o lugar aonde queremos chegar… Então estará tudo certo.
Sonhos para o futuro?
Todos os que possas imaginar. Deixo sempre espaço para que apareçam novos sonhos, sonhos em que ainda nem pensei. Eles que venham.