A inovação está no ADN do Grupo Nabeiro. Através dela, a marca acredita que pode mudar o mundo. Foi por isso que criou um programa para encontrar e acolher projetos que reforcem este posicionamento.
Estávamos em 2019, num mundo pré-pandemia, quando o Grupo Nabeiro criou uma unidade que mudaria o mundo de algumas startups: a Delta Ventures. Com o objetivo de “apoiar o desenvolvimento dos projetos das startups ou de outras entidades que trouxessem a inovação de fora para dentro [do Grupo Nabeiro]”, a Delta Ventures promove “parcerias igualitárias e impactantes”, explica Eunice Alves Costa, Head of Strategy and New Business. Como? Através da identificação de “projetos que possam ser sinérgicos”, avaliando-os, propondo uma parceria e acelerando-os. É por isso que esta unidade passou a ser a responsável pelo programa Disruption, que defende “esforços coletivos para desafiar a norma”.
A equipa da Delta Ventures é multidisciplinar e aplica uma metodologia de três fases: análise, integração e entrada no mercado. “Temos as competências de gestão de projeto e de marca, a componente financeira e a comercial. Digamos que somos uma ‘fábrica’ para ajudar a construir bons projetos, para que possam ser negócios de sucesso para ambas as partes”, esclarece Eunice. Por isso, ainda em 2019 nasceu um programa que permite fazer uma consulta ao mercado sobre temas que o Grupo Nabeiro gostava de explorar: o Disruption.
O intuito é que as startups ajudem o Grupo, ao mesmo tempo que são ajudadas. Para isso, têm de passar as três fases do programa: inscrição, bootcamp (aceleração) e pitch final. “Na edição 2022/23 quisemos desenhar um programa ajustado a estes novos tempos de pós-pandemia e de guerra. Nesse sentido, criámos um programa focado no negócio, mas também na criatividade, na necessidade de reflexão sobre os desafios e no equilíbrio do fundador – sempre sujeito a grande pressão”, comenta Eunice.
À Delta Ventures interessa trabalhar startups que partilhem dos mesmos valores e cujos projetos já tenham prova de conceito, mas que necessitam do know-how e expertise do Grupo Nabeiro. Ao disponibilizar os seus recursos, as startups crescem em conjunto com o Grupo. É o que acontece aos vencedores do programa Disruption 22, que recebeu 124 candidaturas: a Plasblock, a Skizo e a Yogan. Vamos conhecê-los.
Skizo
André Facote
Andreia Coutinho
Da palavra italiana schizzo (“esquisso ou esboço”, em português) chegamos à marca “Skizo”. Porque o seu significado é exatamente aquilo que esta startup oferece ao cliente: “Um esboço, pois é ele que cria as suas próprias sapatilhas”, explica o CEO e um dos fundadores da marca, André Facote. Formado em gestão, foi na Academia da Marinha Portuguesa que criou uma ligação ao mar. Já a também fundadora Andreia Coutinho, formada em Ciências da Comunicação e da Cultura, criou esse elo enquanto jornalista em Sesimbra, quando trabalhou junto da comunidade piscatória.
E quem cria uma ligação com o oceano não deixa de se preocupar com ele. A ideia para a startup surgiu numa ida à praia com o filho Lorenzo, na altura, com 2 anos. “Ele tentou levar plástico à boca, uma vez que no areal havia lixo, restos de redes de pesca, garrafas, embalagens… Aí percebemos que não era esse o legado que queríamos deixar para a próxima geração.” Assim nasceu a Skizo, cuja missão é deixar um oceano mais limpo, recolhendo o lixo e produzindo, com ele, sapatilhas e acessórios.
Não terem know-how na área do calçado e da moda não os demoveu da ideia de inovar, de procurar alternativas para um planeta mais sustentável. “Tínhamos algo maior: formação e experiência noutras áreas e uma grande curiosidade”, lembra André. Esta resiliência levou-os a pesquisar, estudar e procurar saber mais sobre esta nova área. Até que descobriram aquele que poderia ser o seu parceiro nesta corrida: a Delta Ventures. Ao lerem uma notícia sobre o programa Disruption, decidiram inscrever-se. Porque tal como a Delta, também eles lutam por um mundo melhor.
3 razões para uma startup se candidatar ao Disruption, segundo os vencedores
1. “Enriquecimento do programa — crescemos a nível profissional e pessoal.”
2. “Contactos pessoais que são feitos, e partilhas por todos os envolvidos.”
3. “Oportunidade única de trabalharmos lado a lado com a família Nabeiro e aprendermos todo o know-how de uma empresa reconhecida nacional e internacionalmente.”
Plasblock
Miguel Ferreira
Luís e Miguel Ferreira, pai e filho, partilham uma história de gestão industrial – nas áreas do betão e cerâmica – que corre na família há mais de 100 anos. Com o evoluir do mercado e a entrada de Miguel na Prelis, em 2010, o foco do grupo passou para a “otimização de recursos e processos, tanto na busca de novas fontes de energia e combustíveis como na incorporação de materiais secundários”, conta Miguel. Mas nem só de vitórias se constrói uma empresa, tanto que nos últimos anos a Prelis teve alguns projetos falhados de aproveitamento de biomassas. “Queríamos encontrar uma nova maneira de as valorizar. Até que encontrámos uma solução interessante de misturas com plásticos residuais, que nos levou a descobrir esta área de negócio a que hoje chamamos Plasblock.”
Centrada na circularidade, a Plasblock converte desperdícios de várias indústrias em tacos que são utilizados no fabrico e reparação de paletes. Mas até chegarem aqui, nem tudo foi um “mar de rosas”: “Foi necessário muita tentativa e erro, pois apesar de virmos da cerâmica, trabalhar com plásticos é, à sua maneira, um processo de extrusão complexo.” A criação desta startup não contou apenas com a resiliência da família; a sua preocupação com o ambiente foi também preponderante. É por isso que a Plasblock utiliza desperdícios de veículos em fim de vida, como contadores elétricos, computadores e equipamentos eletrónicos, cablagens, subprodutos dos processos de fabrico de mobiliário e cortiças, bem como desperdícios de processos convencionais de reciclagem. “Tudo o que, de outra forma, teria como destino o aterro ou a queima”, como cápsulas Delta Q usadas.
1. “O Disruption é transformador não só de negócios, mas também de pessoas.”
2. “Experienciar e sentir que fazemos também parte da família Nabeiro.”
3. “Portas abertas para um mundo de possibilidades.”
Yogan
José Casimiro
Martinha Costa
Martinha Costa e José Casimiro são um casal formado em engenharia e os fundadores da Yogan Creamery, uma marca de produtos de origem vegetal saudáveis alternativos aos laticínios. “Comecei a produzir, apenas para consumo pessoal, alternativas vegetais ao leite, iogurte e queijo, por achar que no mercado não existiam alternativas saborosas e saudáveis”, diz Martinha. A falta de boas opções – “era tudo uma mistura de farinhas, óleos e sabores adicionados”, diz – e o facto de não ser prático produzir para consumo pessoal estiveram na origem da startup. “Isso, o meu espírito empreendedor e cada vez mais pessoas à minha volta, incluindo o José, deixarem de consumir leite por razões de saúde”, acrescenta. E assim nasceu a Yogan.
A par de todos estes motivos, a ceo acrescenta um outro: o facto de a indústria alimentar e a agricultura de produtos de origem animal serem dos maiores contribuidores para a poluição do planeta. “É na produção e comercialização destas alternativas que podemos causar mais impacto, criando produtos que conseguem substituir por completo os laticínios de origem animal, mas que são mais saudáveis e sustentáveis”, refere.
Criada para dar resposta a um problema local, a Yogan teve, desde o início, uma ambição global – e hoje está presente em Espanha, no Reino Unido, na Bulgária e na Alemanha. Com a Delta, Martinha e José partilham a inovação e a preocupação com a sustentabilidade, mas também o facto de serem ambas empresas familiares, “com ambição global e grande foco nas pessoas e no serviço”, refere a fundadora. E, claro, a vontade de mudar o mundo, inovando.
1. “Ter acesso ao conhecimento e experiência dos mentores.”
2. “Validar o projeto e ter recursos experientes a opinar sobre o mesmo.”
3. “Conhecer outras startups e ter acesso a uma comunidade de pessoas que partilham as mesmas ideias/opiniões.”
Razão bónus
“Pelo potencial de parcerias com a Delta.”