Mas muita água havia corrido debaixo desta ponte, ou melhor, desta marca. Conheçamo-la.

O acesso à Alardo faz-se pelas suas raízes: há que passar pelas estreitas ruas empedradas da aldeia de Castelo Novo, envolvida na majestosa serra da Gardunha, para lá chegar. Quem a vê como é hoje, rodeada de natureza mas cheia de maquinaria de ponta, dificilmente adivinharia que se trata de uma empresa com mais de um século de existência. Recapitulemos, então.

A nascente da história

Foi em 1916 que nasceu a Alardo, depois de Charles Lepierre – conceituado químico francês radicado em Portugal que se dedicou ao estudo das águas – identificar que aquela era uma água de características raras – hipossalina de reação ácida, com mineralização particularmente baixa. Foi a partir desse ano que começou a comercializar-se a água, em garrafas de vidro, e simultaneamente a construir-se o Hotel Termal do Alardo, em Castelo Novo, inaugurado cinco anos mais tarde, com o intuito de receber quem vinha tratar doenças hepáticas e diabéticas com estas águas medicinais. 

Em 1942, a Alardo foi adquirida pela Sociedade de Água do Luso, que reduziu a sua produção a mínimos, evitando assim a concorrência que fazia à água do Luso. Entre as décadas de 1980 e 2000, a empresa passa de mão em mão, até ser adquirida em 2011 pelo Grupo WaterBunkers, sociedade proprietária de outras fábricas de água em Portugal. Desde então, é Paula Nascimento quem administra a fábrica – desde 2015, como detentora única, com a empresa Nascente Divina. Em 2019, ganhou no entanto um parceiro de peso: o Grupo Nabeiro, que passou a deter a maioria do capital da Alardo.

Grupo Nabeiro com sede

“Desde 2015 que o meu propósito tem sido renovar a fábrica e recuperar a empresa, com novos edifícios e maquinaria de ponta”, explica Paula Nascimento, que se mantém como Administradora Delegada. Foi no início dessa fase de renovação que as longas conversas com a Delta se começaram a desenrolar. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. “Tínhamos os mesmos valores e a mesma visão”, recorda. A parceria foi oficializada então em 2019. 

Com o dia a dia da empresa nas mãos de Paula e a distribuição a cargo do Grupo Nabeiro, a Alardo passou a chegar a milhares de novos pontos de venda, de norte a sul do país. “Estávamos apenas nas grandes superfícies e neste momento estamos em dez mil pontos de venda. E mais virão.”

Eis uma fábrica de água

A Alardo nasce no interior da serra da Gardunha. É de lá que vem a água, que desce diretamente das cinco nascentes pelas tubagens construídas serra abaixo. Entra na sala de filtração da Alardo, onde os potentes motores não têm descanso: trabalham dia e noite, 365 dias por ano. Daí segue para a armazenagem, nos dois enormes depósitos, cada um com capacidade para 400 metros cúbicos. 

Chegada à fábrica, a água passa por diferentes processos. Os 35 trabalhadores fabris têm de se vestir a rigor para simplesmente entrar na fábrica: usam bata, touca, tampões nos ouvidos e proteções para o calçado. “Para evitar o risco de contaminação”, explica Ana Silva, analista da água, que nos guia pelos diferentes setores da fábrica – engarrafamento, etiquetagem e paletização. Volta e meia ouve-se um estrondo: o percurso dos recipientes é interrompido e algum deles é atirado da linha de montagem para o chão, pelas próprias máquinas, que identificam uma possível anomalia, que, quando acontece, costuma estar na embalagem. 

No andar de cima, produzem-se as próprias garrafas e garrafões de água, que chegam em formato reduzido para serem aquecidas e sopradas, perdendo espessura e ganhando a dimensão certa. O processo ocorre numa máquina envidraçada que permite contemplá-lo da primeira fila.

A par das melhorias na distribuição, tem havido uma aposta na eficiência da própria fábrica. Os edifícios têm sido aumentados e melhorados, as máquinas atualizadas. Os mais de 500 painéis solares instalados em 2023, de 350 quilowatts, chegam neste momento para abastecer a fábrica quase a 60%. “E queremos continuar este caminho”, garante Paula Nascimento.