Abriu portas em 1904, como loja de chapéus e tecidos importados de Paris, e chegou a funcionar também como retrosaria. Depois de um período de declínio, eis que em 2016 o Louvre Michaelense foi recuperado como mercearia regional, bistrô e bar. O charme mantém-se e o lugar é hoje mais açoriano do que nunca.

Mundo da ilha

Os atuais responsáveis pela cozinha são Tatiana Pertegato e Maxime Le Van, um casal franco-italiano. Ela é responsável pelos cocktails e ele pela carta de comida. A primeira visita a São Miguel, em 2019, teve um motivo especial: foi para se casarem. Durante a pandemia deci-diram trocar o stress do Dubai, onde viviam, pela natureza de São Miguel. 

 

Arquitetura

Na remodelação a traça antiga foi mantida, dos tetos altos ao balcão. As vitrinas a quase toda a volta e os detalhes em madeira e pedra foram conservados também, ganhando nova vida através da iluminação e de apontamentos contemporâneos. Em 2021, a recuperação do espaço foi distinguida com o prémio regional de arquitetura Paulo Gouveia. 

 

Dia em cheio

Aberto do meio dia à meia noite, o Louvre Michaelense não tem horas mortas. Servem-se almoços e jantares, mas também lanches e os afamados brunches, com croque monsieurs, peixe fumado em bolo lêvedo ou queijos açorianos com marmelada e mel. Há ainda uma lista de cocktails, destacando-se o Azorean G&T, feito com gin produzido no arquipélago.

 

Ao balcão

O antigo balcão em madeira, impecavelmente recuperado, atravessa a sala quase de uma ponta à outra. Os clientes podem sentar-se dos dois lados e, com sorte, ficam a um braço esticado das compotas, dos biscoitos e das queijadas que ali estão expostas durante o dia. Cada um pode escolher as iguarias que mais lhe agradarem e servir-se delas levantando as redomas de vidro.

 

Viagem no tempo

Nesta nova era, visitar o Louvre Michaelense é viajar pelos Açores e pelo tempo. Nos armários envidraçados há chás, cafés, conservas e até cestinhas em verga para pôr na bicicleta, sempre de origem açoriana. Nas vitrinas que vão até ao teto, veem-se os antigos chapéus que ali se vendiam, lado a lado com os que hoje em dia os artesãos da ilha fabricam manualmente.