Um Grande Reserva, que agora são dois: à nova colheita tinto, de 2020, junta-se um inédito Adega Mayor Pai Chão Branco 2022.

Um jantar de lançamento na nave central do MAAT: Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, entre obras em exposição da artista Vivian Sutter. Uma conversa entre Rita Nabeiro e José Luís Peixoto, autor de um texto inédito que acompanha cada garrafa de Pai Chão, moderada pela radialista Inês Meneses. E depois da sobremesa, enquanto o café era servido, um pequeno concerto de Marisa Liz, que cantou e encantou. Por outras palavras: um evento à altura de vinhos que só acontecem quando os astros se alinham e a natureza o permite.

O Pai Chão é o vinho com que Rita Nabeiro quis homenagear o avô, Rui Nabeiro, fundador da Delta, pela sua paixão por Campo Maior e pelo Alentejo. É um vinho que começou por se chamar Garrafeira do Comendador, de uma colheita de 2003 das castas Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonez. Estava o vinho apenas em garrafa – sem nome, rótulo e antes sequer de a adega de linhas minimalistas desenhada por Álvaro Siza Vieira marcar a paisagem alentejana – quando participou num concurso da Confraria de Enófilos do Alentejo. “Uma prova cega na qual ganhámos a Medalha de Ouro, há já muitos anos”, lembrou Rita Nabeiro. “Esse prémio ajudou a ganharmos confiança para apostar num projeto [vínico] mais a sério, em que pudéssemos ter uma casa própria com todas as condições para fazer os nossos vinhos. O Pai Chão, que ainda não o era, está na génese do início da história da Adega Mayor.” 

E o Garrafeira do Comendador era o seu vinho tinto de topo de gama, o tal que só acontece quando os astros se alinham e a natureza quer. Foi em 2003, foi novamente em 2005, depois em 2007 e também em 2009 – o ano em que mudou de nome e se transformou em Pai Chão. Foi sempre um vinho especial. Um Grande Reserva, que agora são dois: à nova colheita tinto, de 2020, junta-se um inédito Adega Mayor Pai Chão Branco 2022. “Uma responsabilidade enorme,” diz Carlos Rodrigues, o enólogo da casa. Pelo menos desde que integrou a empresa, em 2012, que já se falava em criar um vinho branco que pudesse ombrear com o tinto. “Achámos que a colheita de 2022 tinha esse potencial.” Na base deste Pai Chão branco estão as castas Arinto e Cerceal. O vinho estagiou 24 meses em barricas novas e usadas de carvalho francês e austríaco. “Barricas de 500 litros, dois terços austríaco, um terço francês, com muita bâtonnage”, acrescenta o enólogo. Nas notas de prova, alguma casca de laranja, fruta madura, pólvora… “É um vinho branco com capacidade de guarda.”

O Pai Chão Tinto, colheita de 2020, “é uma vez mais um vinho com muita personalidade, à imagem dos anteriores”, com quase 90% de Alicante Bouschet e um toque de Touriga Nacional, fermentação em barrica e quase 32 meses de estágio em barrica nova de carvalho francês. “Temos, mais uma vez, duas castas emblemáticas, muita concentração, muito fruto preto, licorice, madeira bem casada, garantia de guarda e ainda alguma irreverência no tanino. Queríamos algo especial, para homenagear uma pessoa que deve perdurar no tempo.”

O vinho é tempo, não apenas os dias e as estações, mas também todos os séculos que nos antecederam, todos os instantes da humanidade no mundo, todos os instantes da natureza no mundo, o vinho são as gerações encadeadas, uma sequência infinita de pais a segurarem os filhos ao colo pela primeira vez (…), o vinho é agora, este preciso instante.”

De Eis a Essência”, livreto de 10 páginas com um texto inédito

de José Luís Peixoto que acompanha cada vinho Pai Chão.