Fica num prédio histórico da capital do Oeste, que já albergou as sedes do clube da terra, o Torreense, e do PSD. O dono, José Rodrigues de Sousa, é quase uma instituição: está na casa há mais de 60 anos.
Outros negócios
Ao longo da sua história, a Havaneza teve períodos em que foi muito mais do que apenas uma pastelaria. Teve mercearia na parte lateral e, ao fundo, uma casa de louças. As obras sucessivas foram alterando a configuração do espaço – a casa de louças fechou, a mercearia passou a geladaria e snack bar e, posteriormente, transformou-se essa zona em papelaria, que atualmente tem uma oferta de jornais e revistas nacionais e internacionais bem interessante.
Carnaval
O Carnaval de Torres Vedras tem fama em todo o país. E manda a tradição que para muitos foliões a festa acabe na Havaneza, já às primeiras horas do dia. “Nessa altura só fechamos duas ou três horas para limpar”, diz José Rodrigues de Sousa, antes de confessar que já não é lá grande fã da celebração. “Antigamente gostava, mas agora é só parvoíce: se for preciso, até andam para aqui nus”, diz a sorrir.
Pastéis de feijão
Ir a Torres Vedras e não comer pastéis de feijão é como ir a Nápoles e não comer pizza. Não deixa de ser uma visita interessante, mas fica incompleta. O famoso pastel de origem conventual, com recheio de feijão-branco, gemas de ovo, açúcar e amêndoa, nunca falta na montra da Havaneza, que foi dos primeiros locais da cidade a vendê-los ao público. “Na altura não havia muitas pastelarias, vinha cá tudo parar”, conta José Rodrigues de Sousa.
Broas dos Santos
José Rodrigues de Sousa não nos deixa ir embora sem provarmos as famosas broas dos santos, que em Torres Vedras normalmente se fazem apenas por ocasião do Dia de Todos os Santos, mas que na Havaneza existem o ano inteiro (literalmente, já que a pastelaria nunca fecha, nem no Natal). “Nunca podemos deixar de ter isto”, garante o responsável. Outra especialidade da montra é a Delícia Havaneza, um pequeno bolo folhado com recheio de ovo e amêndoa.
José Rodrigues de Sousa
Este minhoto de Monção tinha 24 anos quando veio para a Havaneza. Trabalhava para um tio da sua mãe, em Lisboa, numa empresa que fornecia a pastelaria. “Eles tiveram dificuldades em pagar, esse tio da minha mãe entrou como sócio e eu vim para aqui.” Eram outros tempos, a casa estava bem diferente. Mas a sua rotina não mudou assim tanto: hoje, já com 88 anos, ainda vai trabalhar todos os dias. “Às 6h45 já cá estou”, garante.