O quê

Camelo vs. Camel

Ano

1937
“The Camels are coming”, lia-se nos principais jornais americanos no verão de 1913. A campanha antecedeu o lançamento dos práticos cigarros Camel, que já vinham enrolados, prontos a fumar. Foram o sucesso que se sabe. Na década de 1930, a Camel era conhecida um pouco por todo o mundo – e Portugal não era exceção.

Por cá, a família Nabeiro já operava no setor do café. Joaquim Nabeiro estava há anos na área quando, em 1937, desafiou o irmão Manuel Nabeiro e o cunhado Vitorino Silveira a juntarem-se a ele para fazerem nascer uma nova marca, a Camelo. “A ideia do tio Joaquim era dar condições ao irmão e ao cunhado”, recordou Rui Nabeiro.

Apesar de uma ser novidade e a outra ter já duas décadas de existência, as semelhanças entre a portuguesa Camelo e a americana Camel estavam à vista de todos, a começar pelo nome a terminar no logótipo. “A Camelo ainda hoje é quase uma fotografia da Camel”, assumiu Nabeiro. E foi por isso que não demorou até a Reynolds American, empresa que deteve a Camel até 2017, querer justificações.

“Vieram dizer que não podíamos usar a marca porque era uma cópia. E realmente era, mas sem nenhuma intenção, não íamos fabricar o que eles fabricavam.” Depois de deixarem claras as intenções de se manterem no mercado do café, não interferindo com o do tabaco, os Nabeiro conseguiram chegar a um acordo com a Reynolds American, que lhes cedeu direitos para usarem a marca Camelo. “Ficámos com o nosso espaço”, concluiu Rui Nabeiro, que começou a trabalhar precisamente na Camelo, marca que ainda hoje faz parte do universo do Grupo Nabeiro. E com muito orgulho.