Vigo
Fica na costa noroeste de Espanha, encaixada na ria, com vista para a foz. É a maior cidade da Galiza e, ainda assim, consegue ter a dimensão ideal para ser percorrida a pé, de ponta a ponta. Comece-se pela rua de Urzáiz até se chegar à rua do Príncipe, uma das mais movimentadas de Vigo, integralmente pedonal. Vale a pena entrar nas lojas e provar as iguarias locais, dos churros aos bocadillos de presunto ibérico, como também fazer uma visita ao MARCO, Museu de Arte Contemporânea de Vigo (entrada gratuita). O exterior discreto contrasta com o interior moderno e amplo, com salas de exposições dedicadas às artes plásticas, à arquitetura, ao vídeo ou ao design.
No Casco Vello, na zona antiga da cidade, é de parar para um copo na Praça da Constituição e para uma prova de marisco na rua Pescadería, onde a concentração de restaurantes por metro quadrado impressiona. Ostras são abertas com mestria diante dos clientes, a meio da rua. A proximidade à ria de Vigo sente-se intensamente.
Numa cidade de colinas, a melhor vista é, invariavelmente, a do topo. Pela Gran Via, a subida é longa, mas todos os santos ajudam: além das longas passadeiras rolantes, rodeadas de verde, encontra-se ainda numa transversal a Panadería Canela. A pausa para um café Delta é obrigatória – e vem sempre com um pincho, um pequeno bolinho a acompanhar. A dois passos fica o destino final, o Monte O Castro. O parque verde está instalado no lugar mais antigo de Vigo, onde, há mais de dois mil anos, a cidade começou por ser povoada. A vista é soberba – mais ainda ao pôr do sol.
Ilhas Cíes
Separam o oceano da ria de Vigo e são, desde 1980, consideradas um parque natural. As três ilhas que compõem as Cíes – Monte Agudo, O Faro e San Martiño – formam um arquipélago que, sendo visitável, permanece protegido – e talvez por isso ainda pareça intocado o seu lado mais selvagem e bonito.
Para marcar a viagem de barco até às ilhas, é preciso pedir primeiro uma autorização à Xunta de Galicia, entidade que regula o número de visitantes por dia. Entre 15 de maio e 15 de setembro, assim como no período da Páscoa, o limite máximo de turistas é de 2.200 por dia, sendo que apenas 800 podem pernoitar – e sempre no idílico parque de campismo (desde 10,90€/ noite), o único alojamento que ali existe, plantado no meio de um pinhal, à beira-mar.
São de descobrir os vários areais virados a este: da conhecida praia de Rodas, às mais tranquilas praias que se seguem: Viños, Bolos e, principalmente, Nosa Señora. Para descobrir o outro lado da ilha, nada como alugar um caiaque no parque de campismo (30€/ 2h) e remar junto à costa.
O trilho mais percorrido das Cíes – percebe-se bem porquê – é a Rota de Monte Faro, que leva cerca de duas horas a completar e é a melhor forma de conhecer as várias facetas destas ilhas: do mar às alturas, sem esquecer a floresta e as muitas espécies de aves endémicas que se vão observando ao longo da caminhada, em especial nos lugares mais silenciosos. A meio caminho, pare para contemplar a Pedra de Campá, uma formação rochosa esculpida pelo vento.
No regresso a Vigo, ainda com vista para o movimentado porto, faça uma pausa no restaurante NaBeira, para provar o apurado polvo à galega.
Pontevedra
“Pontevedra dá de beber a quem passa.” A frase está escrita literalmente na pedra, numa das concorridas praças da cidade, e resume bem a hospitalidade dos pontevedrenses – que sobressai na forma como recebem os milhares de peregrinos que por ali passam, no Caminho Português para Santiago de Compostela.
Visitar a cidade, mesmo que noutro registo, é tomar contacto com esse caminho. O centro histórico, integralmente pedonal, ganha vida com a presença dos peregrinos, que vão caminhando e descansando entre etapas. Por esse prisma, muitas são as igrejas que merecem a visita, como a Real Basílica de Santa María a Maior e a Igrexa da Virxe Peregrina.
As praças da cidade, ora pequenas, ora enormes, sucedem-se. Vale a pena espreitar as da Estrela, de Ourense e da Peregrina; mas também beber um café na praça da Verdura (quase coberta pelas amplas copas das árvores) e petiscar na praça da Leña, onde ficam os restaurantes mais concorridos de Pontevedra.
Para ter uma melhor perspetiva da cidade e da proximidade ao rio Lérez, atravesse os 15 arcos da emblemática ponte do Burgo, construída sobre uma antiga ponte romana. A dois passos, está o Mercado Municipal. O truque está em comprar peixe e marisco (navalhas, vieiras, mexilhões e lulas) no piso de baixo e pedir que os cozinhem – a preços quase simbólicos – nos restaurantes do piso de cima, que também servem pratos regionais como empanadas, tortilhas e o saboroso cozido galego. A vista da sala de refeições é quase tão maravilhosa como as iguarias se ali se provam.
Santiago de Compostela
Nesta cidade galega em que quase todos os caminhos vão dar à Catedral de Santiago de Compostela, há lugar para uma excepção: o parque de San Domingos de Bonaval, instalado num antigo cemitério, a 10 minutos a pé do centro histórico da cidade. O enorme espaço verde, onde por todo o lado se vai ouvindo água a correr, foi reabilitado em 1994, com projeto de arquitetura assinado pela galega Isabel Aguirre e pelo português Álvaro Siza Vieira. Dele é também o desenho do Centro Galego de Arte Contemporânea, situado no extremo oeste do parque (entrada gratuita). A dois passos, ainda dentro do jardim, encontra-se também o Museu do Povo Galego, instalado num convento medieval.
De regresso às ruas estreitas que rodeiam a catedral, é de passar pelo Mercado Galego da Creatividade, uma loja colaborativa que expõe produtos de mais de 40 artesãos galegos, da joalharia à pintura, ao estacionário ou aos têxteis. Na montra virada para a rua, todos os dias um artesão é convidado a trabalhar diante dos olhares dos transeuntes, que podem observar de perto técnicas manuais, em alguns casos, já raras.
Para petiscar, opções não faltam no centro da cidade. Com bom tempo, recomenda-se uma passagem pelo movimentado Mercado de Abastos, seguida de uma refeição nos restaurantes virados para fora, com esplanadas encaixadas sob os toldos verdes. São de provar os produtos do dia – sempre fresquíssimos, já que comprados na porta ao lado –, confeccionados com precisão e alguma originalidade.
O dia termina no Hotel Compostela, um dos mais emblemáticos da cidade, onde (ainda para mais) se bebe café Delta.