Reserva do Comendador

2007

É verdade que não se produz vinho sem uvas, mas até é possível fazê-lo, e bem, sem adega. Prova disso é que das uvas vindimadas em 2003 se verteram dois tintos que precederam a construção da Adega Mayor: o Reserva do Comendador e o Garrafeira do Comendador (topo de gama descontinuado em 2007). Dois vinhos com a assinatura de Rui Nabeiro – o nome está caligrafado no interior das rolhas – que representaram o concretizar de um sonho antigo. Ou pelo menos o primeiro passo nessa direção, a de entrar no mundo dos vinhos com a mesma ambição que o fundador do Grupo Nabeiro sempre incutiu ao do café.

As uvas dessa primeira colheita dos 10 hectares da Herdade da Godinha, das castas Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonez, foram enviadas para adegas vizinhas – prática comum entre produtores sem instalações próprias que estava, contudo, longe de ser a ideal. “Faltavam condições para trabalhar de forma séria, com uma equipa própria”, recorda a CEO da Adega Mayor, Rita Nabeiro.

Faltava, por outras palavras, uma adega – mas não uma qualquer. Rui Nabeiro sonhou com uma obra que tivesse o potencial de se tornar um marco arquitetónico. Álvaro Siza Vieira desenhou-a e, a 15 de junho de 2007, juntou-se ao comendador, ao ministro da Agricultura Jaime Silva e a outros convidados para inaugurar uma adega moderna e original, de linhas simples e bem integrada na paisagem, como até então não existia em Portugal.

7 (Sete)

2008

Com o notário presente para certificar o momento, às 7h da manhã do dia 7 de julho de 2007, sete pessoas encheram a primeira de 2007 garrafas numeradas. O vinho, a primeira edição especial com o selo Adega Mayor, um topo de gama superior até ao Garrafeira do Comendador, só poderia chamar-se 7 (Sete). Em 2008, depois de um ano de estágio, chegou às garrafeiras. O seu sucesso abriu caminho a outras edições especiais da Adega Mayor, como o 8 (Oito) e o 9 (Nove), que encerram a trilogia, mas também, mais à frente, com o Siza e o Entretantos.

“Além de ser um vinho especial, quisemos dar-lhe uma envolvência e uma história diferente, porque sete é o número da perfeição e porque na altura estavam a ser celebradas as 7 Maravilhas do Mundo”, contextualiza Rita Nabeiro sobre o conceito e sobre a embalagem, que mereceu especial atenção. “Ousámos um pouco mais porque também lhe demos um packaging diferente, com uma roupagem mais ousada e moderna.” 

A embalagem escultórica, dentro da qual seguia uma cópia do certificado, foi premiada em concursos de publicidade e design. Já dentro da comunidade de vinhos, as opiniões divergiram. Houve quem gostasse, mas, recorda Rita, não faltou quem criticasse. “A verdade é que colocou as pessoas a falar da Adega Mayor”. Até hoje.

8 (Oito)

2009

Um vinho especial merece um evento de apresentação à altura. Por isso cheguem-se para o lado os copos de gin tónico e vodka laranja, que a pista de dança do Lux-Frágil está reservada para o 8 (Oito) e para as gentes de Campo Maior. “Apresentar um vinho num espaço como o Lux foi algo disruptivo”, lembra Rita Nabeiro sobre esse evento surpreendente que contrastou com o conservadorismo que então caracterizava o Portugal dos vinhos.

Esta referência seguiu a mesma lógica do 7 (Sete), mas aplicada a 2008, ano da sua colheita e também dos Jogos Olímpicos de Pequim. “Sendo o oito um número simétrico, que representa o infinito e que tem um significado especial na cultura asiática, criámos uma embalagem que levava duas garrafas e que foi inspirada no Estádio Olímpico de Pequim, também conhecido por Ninho de Pássaro.”

Cumprindo a regra, às 8h exatas do dia 8 de agosto de 2008, oito pessoas começaram a encher 8008 garrafas do vinho tinto 8 (Oito). O rótulo e a embalagem foram da autoria do designer José Mendes, que já desenhara a edição anterior. Até à inauguração da Adega Mayor, em 2007, era ainda Rita Nabeiro quem desenhava os rótulos. Depois passou a ser mais difícil conciliar a prática de design com a gestão de marketing e a direção criativa da marca. Perdeu-se uma designer, mas a Adega Mayor ganhou uma gestora.

Caiado

2010

Em 2010, a Adega Mayor apresentou a sua primeira gama declaradamente de entrada. Até então, o lugar era ocupado pelo Monte Mayor, que assim assumiu uma nova posição na gama. Mas eis que chegou o Caiado, um vinho tinto jovem, mais frutado e sem madeira, mas com um carácter muito alentejano. Até chegarem às garrafeiras, os vinhos Adega Mayor costumam ter entre seis meses a um ano de estágio na adega ou na garrafa, embora haja excepções. Vinhos de entrada de gama, como este, são lançados no primeiro semestre – e só em 2011 é que esta referência passou a ter a companhia de um Caiado branco.

A atenção à imagem não esmoreceu por se tratar de uma entrada de gama. Enquanto a marca Adega Mayor era mais séria e bem-comportada, o Caiado considerava-se mais irreverente e ligado a um consumidor jovem que apreciasse o carácter alentejano do vinho. O rótulo assumia o aspeto arrojado de uma parede caiada em que se notavam as pinceladas. “Foi um passo importante para nos ligarmos às nossas raízes, à nossa essência. É uma marca que fica no ouvido e que, de certa maneira, é bastante universal.”

Pai Chão

2011

É um vinho que não acontece todos os dias. Pode até dizer-se, e por mais do que um motivo, que é um vinho ímpar. Um produto de excelência que só acontece em anos excecionais, quando a qualidade da colheita o justifica. O que, coincidência, enquanto esse vinho de topo se chamava Garrafeira do Comendador aconteceu precisamente em anos ímpares – em 2003, 2005 e 2007. A tendência manteve-se em 2009, quando o Garrafeira do Comendador se metamorfoseou no Pai Chão. É um vinho com o qual Rita Nabeiro quis homenagear o avô pela sua paixão por Campo Maior e pelo Alentejo – o título é um trocadilho entre Pai Chão e paixão, no caso, a do comendador pelas terras alentejanas. “É também com isto que tentamos transformar esta marca em algo com um significado mais especial.”

Essa colheita de 2009, engarrafada com o rótulo Pai Chão, estreou-se em 2011 nas Wine Talks & Arts. O evento de conversas informais foi criado pela Adega Mayor com o intuito de unir o mundo artístico ao vínico e de proporcionar uma abordagem mais lúdica ao vinho. Entre os convidados a criar peças únicas que explorassem esta relação – e a expor os seus trabalhos na Galeria da Boavista, em Lisboa – estiveram artistas como AKA Corleone, Kruella D’Enfer, Maria Imaginário, Miguel Januário e Tamara Alves.

Orionte

2012

Com nome de constelação e lançado em 2012, o Orionte é o primeiro vinho fortificado da Adega Mayor e, com uma garrafa anafada de 50 cl, é também o primeiro néctar da casa a dar uso a este formato. “Normalmente, para fazer um vinho fortificado, vamos acompanhando o nível do teor alcoólico, ou seja, quando o vinho começa a fermentar”, explica o diretor de marketing, Pedro Foles. “A determinado momento, para cortar a fermentação, é adicionada aguardente vínica. E tem de ser no momento preciso.” No primeiro ano do Orionte, a equipa da adega esperou a noite toda pela altura certa para juntar a aguardente. Foi no verão, durante uma vindima, quando o céu estrelado de Campo Maior mais brilha sobre as planícies. “Uma das características bonitas do Alentejo é ter tanto céu e um teto incrível de estrelas”, diz Rita Nabeiro, apontando a origem do nome escolhido, para a qual oferece ainda outra leitura: “Há quem troque o nome e lhe chame Oriente ou Horizonte – mas até isso é curioso, porque o Alentejo tem uma linha de horizonte quase infinita.” Nessa noite, a espera pela Hora H para adicionar a aguardente estendeu-se até de madrugada e levou a equipa a aguardar no terraço da Adega Mayor. Por cima, apenas o céu estrelado do Alentejo e uma das constelações preferidas de Rita Nabeiro, a Orionte.

Monte Mayor

2013

Nunca a Adega Mayor tinha feito um espumante, mas também nunca o tinha tentado. A semente – ou melhor, a videira –, essa já lá estava desde o momento em que Rita Nabeiro decidiu plantar num terreno do pai Pinot Noir e Pinot Gris, castas típicas da região francesa de Champagne. Em boa verdade, a Pinot Noir foi plantada com a ideia de se fazer um tinto monocasta, só que o clima alentejano muito quente, aliado à delicadeza da casta, levaram ao adiar dos planos (está para breve, assegura). “O espumante funciona como um complemento de gama. Sentimos que era importante dar esse passo e sair da nossa zona de conforto.” Na época, a gama de vinhos Adega Mayor era pouco diversificada. Havia vinho tranquilo desde o entrada ao topo de gama, havia vinho fortificado, e o elenco ficava-se por aí. “Ter um espumante era muito importante para nós”, diz Pedro Foles, “porque permite acompanhar uma refeição do início ao fim só com vinhos Adega Mayor”. E se em 2013 surgiu o primeiro espumante, com notas mais frutadas e um processo de fermentação mais curto, hoje já está incluído no inventário um espumante Reserva mais complexo e seco – há bolhas para todos os gostos.

Siza

2014

A ideia de juntar adegas e arquitetos de renome já era uma tendência no estrangeiro, sobretudo em Espanha, mas que ainda não saltara para este lado da fronteira. Até que Siza Vieira desenhou uma adega que é hoje visitada quer por enoturistas, quer por estudantes de arquitetura de todo o mundo. Parece, por isso, justo que a um dos melhores vinhos já produzidos pela Adega Mayor, uma edição exclusiva de 2500 garrafas, se desse o nome de Siza. Seria uma forma de o homenagear. Mas primeiro era preciso saber como reagiria à ideia de ter o seu nome numa garrafa. Rita Nabeiro visitou-o no seu ateliê no Porto e contou-lhe as suas intenções. “Disse-lhe que podia pensar, que não tinha de responder já”, recorda. Siza Vieira não se demorou: “Diga ao seu avô que a resposta é sim, mas com uma condição: o vinho tem de ser bom.” Sentindo o peso da responsabilidade, e querendo fazer um vinho excecional, só em 2014 é que a Adega Mayor lançou o monocasta Alicante Bouschet, colheita de 2009, com rótulo desenhado pelo próprio. “Representa a paisagem alentejana e o edifício da Adega Mayor, que parece isolado, mas está rodeado de vinha, de ondulações. Quis transmitir a ideia de vastidão”, explicou o arquiteto na apresentação, em 2014, na Casa de Serralves, Porto. “Acredito que ele tenha gostado do vinho”, diz Rita. “Esgotou num ápice.”

Flor Mayor

2015

Uma edição especial Adega Mayor não tem de ser sinónimo de vinhos topo de gama, nem de néctares para deixar a maturar na garrafeira de casa. Também há referências mais simples e acessíveis como este Flor Mayor, edição limitada e irrepetível de 20 mil garrafas em homenagem às Festas do Povo de Campo Maior, classificadas como Património Cultural Imaterial da Humanidade e que consistem, muito sucintamente, na decoração das ruas do centro histórico com flores de papel feitas pelos residentes.

“Fizemos uma edição especial de um vinho que pudesse chegar a toda a gente, como as próprias festas, mas que levou uma roupagem diferente de tributo às flores.” Por roupagem entenda-se um rótulo que remete para a temática floral. Por coincidência, o vinho foi lançado no último ano em que as festas se realizaram – estava previsto repetirem-se em 2020, mas veio a pandemia, e ainda não é este ano que elas regressam.

Por trás do projeto Flor Mayor esteve a vontade de comunicar a Festa das Flores aos clientes Adega Mayor nos quatro cantos de Portugal, explica o diretor de marketing. “É uma edição especial, mas mais acessível no perfil e no preço.” Quando a festa voltar, o conceito deste vinho até pode ser recuperado, mas não a imagem. É irrepetível.

Solista Touriga Nacional

2016

Um vinho que misture diferentes castas é como uma banda com diferentes instrumentistas. Uma casta dá mais complexidade de boca, outra garante a componente aromática e outra ainda assegura a harmonia e equilíbrio do blend. Mas quando temos um vinho tão equilibrado que dispensa a adição de outras castas, então temos um músico que, sozinho, enche e encanta uma sala de espetáculos. Temos um solista, que foi o nome que a Adega Mayor deu ao seu primeiro monocasta tinto – o Solista Touriga Nacional de 2009. 

“É a marca em que tentamos, através do conceito, explicar o que são os solistas, seja nos tintos ou nos brancos. No caso da Touriga Nacional, que é quase considerada a casta-mãe das uvas portuguesas, conseguimos ter um lado aromático, com alguma fruta e complexidade.” 

A marca Solista caiu em desuso em 2017, mas não os vinhos monocastas – antes pelo contrário. A nomenclatura dos vinhos monovarietais passou a seguir a regra “nome da casta” mais “Adega Mayor”. E são muitos: Touriga Franca, Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah e Alfrocheiro nos tintos; Antão Vaz, Arinto, Verdelho, Pinot Gris e Gouveio nos brancos. Apesar da mudança de nome, os monocastas mantêm a ligação à música através dos instrumentos que ilustram os seus rótulos.

Adega Mayor Reserva

2017

É o ano do rebranding da marca Adega Mayor, em que a designação Portugal passa para a frente do rótulo, os solistas dão lugar aos monocastas e a linha Monte Mayor é substituída pela Adega Mayor Reserva. É também o ano de um novo posicionamento perante as artes. Enquanto o Caiado continua ligado à pintura e os monocastas à música, o Adega Mayor Reserva dedica-se à fotografia – os rótulos revelam imagens de um acervo fotográfico antigo sobre Campo Maior. “Outras marcas ou submarcas perderam algum peso para que o Adega Mayor ganhasse protagonismo”, explica a CEO. “Isto deve-se, em parte, a uma lógica de internacionalizar a Adega Mayor, porque num universo com tantas referências era importante que a marca-mãe se destacasse de modo a simplificar a comunicação com os consumidores.”

Em vez de uma campanha de comunicação tradicional para apresentar a nova imagem, no verão de 2017 a Adega Mayor abriu um restaurante pop-up no coração de Lisboa. A cada semana um novo menu de degustação era harmonizado com vinhos de Campo Maior dedicados a diferentes temas relacionados com as artes – Sem Título era, afinal, o nome do restaurante. “Diz-se que com a comida não se brinca, mas nós fizemos ao contrário: convidámos as pessoas a brincar com pratos confecionados pelo chef Nuno Bergonse.”

Esquissos Aragonez

2018

O primeiro Esquissos Aragonez, como o próprio nome indica, é um esboço. Não é um vinho que tenha saído da adega com o objetivo de se tornar presença habitual nas garrafeiras. É um croqui, um teste do que se pode vir a obter. É, aliás, mais do que um vinho, já que da mesma casta Aragonez resultou um tinto de perfil simples e frutado, mas com as mesmas uvas tintas – embora com menos tempo de extração – também se fez um rosé e um surpreendente vinho branco. “Muita gente desconhece que isto é possível. No fundo”, resume Rita Nabeiro, “temos este lado educativo em que explicamos como de uma uva tinta é possível produzir também vinho branco e rosé”.

De onde se conclui que o Esquissos Aragonez foram, na verdade, três vinhos de 50 cl vendidos na mesma caixa, que trazia ainda um copo especial para desafiar os curiosos a tentarem provas cegas e descobrirem por si o ecletismo da casta. O copo está pintado de preto, o que evita a pequena batota de tentar espreitar – resta o olfato e o paladar. O desafio adensa-se: estando os vinhos à mesma temperatura, até que ponto é que conseguiríamos distinguir o tinto, o branco, e o rosé?

Entretantos

2019

Embora a colheita se tenha realizado em 2013, o Entretantos ganhou corpo apenas em 2019. “Esperámos seis anos, e mesmo assim, na altura do lançamento o vinho ainda não estava exuberante”, conta a CEO. Na Adega Mayor foi a primeira vez que se esperou tanto para abrir uma garrafa. Também o Siza representara um processo demorado, e ambos deram uso à Alicante Bouschet. “É uma casta com muita estrutura. O vinho estava ainda demasiado robusto e achámos que tínhamos de esperar. Iamos provando e aguardando até que chegasse ao ponto certo.” Deste vinho robusto, como tendem a ser todos os Alicante Bouschet, encheram-se cerca de 2900 garrafas que foram enviadas para lojas e garrafeiras com uma pequena biografia de Rui Nabeiro. O livro serve, aliás, de capa do vinho dentro da caixa em que é vendido. Lendo-o, Rita descobriu que, na escola primária, o avô partilhara a secretária com o menino que, anos mais tarde, viria a ser seu sogro. “O livro conta o lado B do senhor Rui. Este é um vinho irrepetível e muito especial do ponto de vista conceptual. Foi a última edição especial que fizemos.” E o próprio nome do vinho, Entretantos, uma expressão alentejana, é suscetível a segundas interpretações: “No meio de tantos homens, há um que se distingue. Todos o associamos ao café, mas há outra paixão, talvez menos conhecida, pelos vinhos.”

Maestro Galego Dourado

2020

Novo monocasta, nova analogia ao mundo da música. Se a Adega Mayor já teve solistas, 2020 é o ano dos maestros – dentro das orquestras, afinal, há sempre espaço para um. Mesmo que de uma casta pouco comum em Portugal, como é a Galego Dourado. “Chamámos-lhe maestro porque são vinhos monocastas que acreditamos serem especiais. Por isso, e por significarem produções pequenas, de 300 a 400 garrafas [de litro e meio, atenção], mantemo-las à parte da gama de monocastas tradicionais.” Chardonnay e Petit Verdot são outros maestros de litro e meio que passaram pela adega de Campo Maior, mas não restem dúvidas: o Galego Dourado é um monovarietal superlativo. Se já havia produtores que a trabalhavam em Colares e na região de Lisboa, agora também há quem o faça em Campo Maior. “Decidimos plantá-la há uns anos com o objetivo de criar um vinho branco com um perfil diferente.” Enquanto nas outras monocastas os enólogos da Adega Mayor estavam mais interessados em perceber como é que a uva se comportava no terroir, aqui o esforço vai no sentido de elevar ao máximo o que ela possa vir a dar. “Parte do lote foi colocado em talha, o que lhe dá um carácter distinto.” É um branco mais gastronómico, mais complexo. Um maestro.

Altitude

2021

Trocadilhos e jogos de palavras são amplamente apreciados na Adega Mayor, já o sabemos. É uma questão de atitude. “Nalguns vinhos temos o hábito de fazer estas brincadeiras de palavras, como no Pai Chão e no Entretantos”, admite Rita Nabeiro. O capítulo mais recente é um vinho lançado em 2021 a partir de uma parcela de vinha na serra de São Mamede, intitulado, de forma bastante apropriada, Altitude.  

“Na colheita de 2020, tentámos pela primeira vez isolar todas as uvas brancas de uma vinha velha com mais de 70 anos e que tem uma grande diversidade de castas, naquilo a que se pode chamar ‘field blend’”. Fernão Pires, Olho de Lebre e Bical são alguns tipos de uva presentes nesta parcela de terra. Características que elas partilhem? “A altitude”, responde de pronto. “Estamos a falar de vinhas situadas a 750 metros. Continua a ser Alentejo, mas com um perfil mais fresco.” A edição de 2021 foi a primeira vez que se experimentou lançar este vinho, mas não será a última. “Vamos repeti-lo este ano e chamar-lhe Reserva do Comendador Altitude.” A marca já existia no universo Adega Mayor – na verdade, até antecede a sua criação –, mas estas uvas dão ao vinho um perfil diferente. Um perfil com outra atitude.