O desafio que lançámos a quatro dos mais destacados ilustradores portugueses foi o de desenhar uma capa inspiradora, sobre a capacidade de reagir e de se reinventar em tempos difíceis. Pedimos-lhes que fugissem a ilustrações óbvias com máscaras, e nos oferecessem um estado de espírito, uma situação emblemática e representativa da necessidade de seguir em frente. O resultado é um conjunto de quatro ilustrações muito diferentes entre si, mas que tocam num ponto comum: a esperança no futuro.

Adamastor Studio

 

É um estúdio de ilustração, mas é também um projeto a dois. Susana Diniz e Pedro Semeano, de 32 e 38 anos, namoram há nove anos e, há quatro, criaram o Adamastor Studio. Trabalham com grandes marcas comerciais, como a Redbull ou o Snapchat, que lhes dão visibilidade internacional, mas também em projetos mais pequenos de âmbito cultural. A dupla aposta em metáforas visuais e em formas que, segundo Susana, “andam entre o abstrato e o concreto”, à procura de “algo mais mágico”. O livro O Museu do Pensamento valeu-lhes o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para melhor livro infantil em 2018.

Ricardo Cabral

Nasceu em 1979 e estudou pintura em Belas-Artes, acabando por dedicar-se à ilustração e à banda desenhada. O seu trabalho está publicado em mais de uma dezena de livros, de géneros muito diversos, destacando-se os seus sketchbooks sobre Israel e o Kosovo. O traço de Ricardo Cabral é realista, “com referências fotográficas, quer em termos de cor, quer em termos de composição”, como o próprio explica. Foi destacado na edição de 2013 do Amadora bd e, no mesmo ano, ganhou o “Destaque País de Língua Portuguesa” no HQMIX, um dos mais importantes concursos de banda desenhada no Brasil.

Catarina Sobral

Designer e ilustradora de formação, Catarina Sobral nasceu em Coimbra em 1985 e aterrou com estrondo no mundo da ilustração infantil em 2011, com um livro chamado Greve. Desde então, não tem parado. Contar histórias é aquilo que a move, seja através de palavras, de desenhos ou de animação. Não se prende a uma técnica ou formato, mas trabalha com uma paleta de cores específica, através da qual mistura texturas e padrões inesperados. Nas suas histórias há sempre humor e espaço para a liberdade interpretativa. Em 2014, foi premiada na Feira do Livro Infantil de Bolonha, graças ao livro O Meu Avô.

Delfim Ruas

A paixão por História criou-lhe um dilema na altura de escolher o que estudar. Decidiu seguir pintura e ilustração, mas usa-as sempre que pode como “um veículo narrativo para contar as histórias da História” – que continuam a fasciná-lo. Com um estilo realista, Delfim Ruas, de 31 anos, trabalha nas áreas da pintura, do desenho, da ilustração e da banda desenhada. Trabalhou com o museu de Carregal do Sal num projeto sobre a Primeira Grande Guerra e, inserido no Grupo do Risco, esteve em expedição em Marrocos, onde fez o levantamento do património arquitetónico português. Venceu o concurso de sardinhas das Festas de Lisboa em 2015 e, em 2019, ganhou o 1.º prémio do Encontro Internacional de Ilustração de São João da Madeira.