Tudo o que precisa de saber sobre a nova RISE

Como é que o expresso perfeito entra no copo por baixo? Nós explicamos, ponto por ponto.

A RISE é a nova máquina de café Delta Q?

É uma maneira de colocar as coisas, sim.

O que a distingue das restantes?

O sistema rise, uma criação original do grupo Nabeiro que oferece uma forma revolucionária de extrair café desafiando a gravidade. É uma nova tecnologia, a partir de agora aplicável a qualquer máquina.

Quer dizer que o café entra no copo por baixo?

Sim.

Como?

Há na base dos copos rise um sistema de retenção que acopla na máquina. O expresso é extraído e injetado de baixo para cima.

E isso não altera o sabor do café?

Altera, e para melhor.

Porquê?

Estudos químicos e físicos indicam que este método de extração preserva melhor as qualidades aromáticas e organoléticas do café.

Por outras palavras…

… por outras palavras, é um café mais aromático, intenso e extremamente cremoso.

E o copo permite mesmo conter o café?

O sistema de retenção é unidirecional, ou seja, o copo não pinga.

A máquina usa cápsulas especiais?

Não e sim. Não, porque são as mesmas cápsulas utilizadas por todas as Delta Q. E sim porque, em boa verdade, todas são especiais.

Onde está a alavanca para inserir a cápsula?

O sistema de cápsulas é automático, sem alavanca. Ao utilizador basta colocar a cápsula e escolher café expresso, longo ou bebida longa. A rise faz o resto – até expulsar a cápsula para o depósito.

E qual é a capacidade do depósito?

Pode contar até seis cápsulas utilizadas.

E do de água?

Tem capacidade para tirar sete cafés curtos ou cinco longos.

Porque é que a RISE se chama with Philippe Starck?

Porque foi desenhada – tal como os copos – em colaboração com o francês que é considerado um dos melhores designers industriais do mundo.

Onde é fabricada?

Quer a máquina quer os copos são fabricados em Portugal.

Quanto mede a RISE?

Tem 195 mm de diâmetro e 288 mm de altura.

E quanto pesa?

3,3 kg.

Quando chega às lojas?

Em meados de novembro de 2022, mas vai estar em pré-venda a partir de 4 de outubro.

Qual vai ser o PVP?

Cada embalagem inclui a máquina de café e quatro copos de vidro. Custa 279 euros.

O dia em que Rui Miguel Nabeiro convenceu Philippe Starck a desenhar uma máquina de café

O café extraído de baixo para cima brilhou na Web Summit de 2017, onde o sistema RISE teve estreia mundial. Mas para entrar nas nossas casas, ele precisava de um recipiente à altura – e do traço de um dos maiores designers do mundo. Esta é a história de como o CEO do Grupo Nabeiro conseguiu convencer Philippe Starck a desenhar a nova máquina de café da Delta Q.

A primeira pergunta que assalta qualquer pessoa quando olha para a nova máquina RISE é: como é que surgiu o convite a Philippe Starck e como é que o convenceram a aceitar?

Já tínhamos uma máquina desenvolvida pela Diverge [o centro de inovação do Grupo Nabeiro], que era muito bonita e elegante, mas eu sentia que faltava alguma coisa. O sistema RISE era demasiado inovador para ser apenas mais uma máquina. Certo dia, no final de uma reunião na EDP, o [então CEO] António Mexia disse-me que o nosso café era extraordinário e as nossas cápsulas muito boas, mas que nos faltava uma coisa: um design de máquinas tão bom ou melhor do que a nossa concorrência mais famosa.

 

E o que lhe respondeu?

Que estávamos a trabalhar todos os dias para termos um design mais contemporâneo; que temos uma equipa cada vez melhor na nossa área de inovação; que estamos a aprender e a evoluir. Ele respondeu-me: “Vocês precisam de uma máquina desenhada pelo Philippe Starck.” Eu ri-me, disse-lhe que me parecia muito bem, mas que não conhecia o Starck, nem sabia como o contactar. Respondeu-me: “Mas eu sei, sou amigo dele.”

 

E passou-lhe o contacto.

No dia seguinte, deu-me o email da Jasmine Starck, que é a mulher do Philippe. Escrevi-lhe de imediato, e em 15 minutos respondeu-me a dizer “olá”, que o António já os tinha avisado de que iriam receber um email meu, e a perguntar quando é que nos podíamos encontrar. A partir daí fomos trocando mensagens por WhatsApp para tentar combinar uma data. O António Mexia teve um papel importante. A vida é feita disto, de networking, de amigos que apresentam amigos.

 

Quando foi isso?

Foi há cinco anos, depois de lançarmos o sistema RISE na Web Summit de 2017. No dia 23 de dezembro desse ano eu e a Cláudia Figueira [Head of Innovation da Diverge] fomos a casa do Philippe Starck em Cascais. Levámos uma apresentação preparada com muito cuidado. No nosso entendimento, estávamos ali para fazer um pitch. Apresentámos a Delta e a RISE, e levámos um protótipo de madeira que tirava café de baixo para cima.

 

Como correu essa primeira reunião?

A Cláudia, que toda a vida trabalhou no mundo do design, estava uma pilha de nervos, por ser o Philippe Starck. Mas ele e a Jasmine foram extremamente simpáticos connosco. Receberam-nos muito bem. Disse-lhe que gostávamos que ele desenhasse não uma máquina de café, mas “a” máquina de café. Porquê? Porque tínhamos um sistema completamente inovador. Mostrámos-lhe o café a subir da máquina de madeira que tínhamos levado e a reação dele foi “uau!”. Chamou logo os filhos e a empregada, juntou-se uma data de gente na cozinha para ver o sistema RISE a funcionar. Nesse momento soube que ele ia aceitar o projeto.

 

Qual foi o passo seguinte?

Fomos a Paris negociar o acordo. Foi bastante rápido e simples, porque ele tinha muita vontade de pegar no projeto.

 

A reunião seguinte foi nos escritórios da Diverge?

Sim. Ele fez questão de vir ter connosco, ao Parque das Nações, para a primeira reunião. Foi espetacular, porque desenhou a máquina logo ali. O resultado final ficou muito próximo desse primeiro esquisso. Fazia perguntas sobre pormenores técnicos e ia desenhando de acordo com as respostas. E explicava que esta máquina era um glorificador do café, que é por esse motivo que tem esta forma.

O processo de desenvolvimento foi longo, tal como o processo de submissão de patentes que inclui o sistema de extração, a máquina e até os próprios copos. Ao todo, foram pedidas 21 patentes.

A equipa da Diverge interveio sobre esses esquissos?

Houve um conjunto de reuniões de preparação e muita interação com a Diverge. O Starck tem uma equipa de designers e engenheiros, mas optou por trabalhar directamente connosco. Foi tudo tratado entre ele e a equipa da Diverge, que ficou radiante.

 

Quem escolheu as três cores da RISE Delta Q with Starck?

Foi ele. Também escolheu as cores. Apenas lhe dissemos que o preto e o branco são importantes para nós, que 90% das nossas vendas em Portugal são de máquinas com essas cores. Ele depois escolheu uma terceira cor, entre tijolo e terracota. E fez questão que o cabo fosse cor de laranja nas três versões da máquina. Era importantíssimo para ele que fosse assim. Gosta muito dessa cor.

 

O copo foi evoluindo com o tempo?

Ele desenhou o copo de vidro logo na primeira reunião. O que foi evoluindo com o tempo foi o copo de cerâmica, porque é um material mais difícil de fundir com o plástico [a abertura no fundo dos copos é de plástico]. Houve um processo evolutivo para conseguirmos ter um copo em cerâmica, que era importante, dada a tradição da indústria em Portugal.

 

Mas para já só os copos de vidro estão disponíveis.

A máquina vai ser vendida com um pacote de oferta de quatro copos de vidro, mas em breve vamos ter também copos de cerâmica.

 

Trabalhar com um designer desta dimensão também está relacionado com a estratégia de crescimento internacional da Delta?

Absolutamente. É uma maneira de amplificar a marca. O Starck é uma figura muito conhecida em França, um mercado importante para nós, e é muito conhecido também no Brasil, onde temos uma quota interessante. Além disso, quando trazemos um designer com este perfil para criar uma máquina que vai ter um preço de venda de 279 euros – uma diferença grande para o preço médio das máquina de café, que ronda os 40 euros –, é porque ela se destina a um consumidor no target classe A, que até aqui, se calhar, escolheria uma máquina da concorrência. Passamos a ter também para eles uma oferta muito diferenciadora.

O lápis de Philippe Starck

A colaboração do designer e arquiteto francês, que vive em Portugal, foi preponderante no design da RISE e dos seus copos. Já o desenho técnico e todo o desenvolvimento tecnológico, esse foi feito dentro de portas, na Diverge, o Centro de Inovação do Grupo Nabeiro.

No primeiro esboço já se reconhecem os traços definitivos da máquina, mas com uma diferença notória: a entrada das cápsulas ainda está no topo, ao lado do encaixe do copo.

Logo na primeira reunião em Lisboa, Philippe Starck (n. 1949) desenhou a lápis os esboços do que viria a ser a máquina RISE – um primeiro ensaio ainda algo distante do resultado final, como se comprova pela então colocação da entrada da cápsula ao lado do encaixe do copo, na parte superior (na versão que vai ser comercializada, as cápsulas já entram pela zona lateral).

“Ele fez imensas perguntas ao João [Branco, responsável pela equipa de engenharia] para saber quais eram as possibilidades de design. Porque por muito que desenhe e diga que tem de ser de uma forma ou de outra, há limitações técnicas que ele não domina”, conta Tiago Mendes, o Design Manager da Diverge que representava as ideias do designer francês junto da equipa de engenharia e gestão. “O diálogo aberto com a engenharia foi muito importante.”

As reuniões entre a equipa portuguesa e o designer francês, natural de Paris, foram uma constante. Ora no escritório da Diverge, ora em casa de Starck – que já há alguns anos vive em Portugal –, ora na terceira via que a pandemia lhes apresentou: reuniões por Zoom. Desta colaboração contam-se também dezenas de e-mails, alguns contendo os esboços da máquina e do copo desenhados à mão. “Starck prefere a lapiseira e papel vegetal a trabalhar com o computador”, acrescenta Tiago, que recebia por e-mail as digitalizações dos desenhos.

“Nós não trabalhámos com uma hipotética equipa de Starck que faria tudo. A ligação foi direta e apenas com ele, que nos entregava os seus esquissos sempre em papel vegetal.”

A partir dos desenhos bidimensionais, João Branco e a sua equipa de engenheiros desenvolveram a máquina em três dimensões. “Construímos a engenharia a partir do desenho e visão de Starck, mas sempre fiéis ao sistema de extração invertido que tínhamos inventado e apresentado ao público.”

Philippe Starck é um designer francês conhecido pela qualidade, criatividade e abrangência das peças, que vão desde objetos de decoração, mobiliário e utensílios de cozinha, como como o icónico espremedor de citrinos Juicy Salif, a relógios e barcos – são também seus os designs do iate de Steve Jobs e do interior da estação espacial internacional para atividades comerciais, Axiom Station.

Foi esse perfil notável que levou Rui Miguel Nabeiro a endereçar-lhe o convite para colaborar neste projeto. “Este é um produto superior que merecia algo que aportasse valor, não só na experiência do consumidor, mas também no posicionamento que queríamos para este produto.” É também inegável a ambição internacional que está implícita em ter no nome do produto “RISE Delta Q” seguido de “with Starck”: é um passo determinante para abrir portas a novos consumidores da Delta Q.

Como se inventou o expresso perfeito ao contrário

Era o segredo mais bem guardado da Delta – não o sistema RISE, revelado ao mundo na Web Summit de 2017, mas a sua aplicação numa máquina de cápsulas para ter em casa.

O mundo não ficou propriamente de pernas para o ar, mas a forma como olhamos para o café nunca mais vai ser igual. A nova máquina criada pela Delta revoluciona um dos mais banais gestos do quotidiano. O café deixa de cair para a chávena a partir da máquina e passa a subir da máquina para a chávena. Parece mentira? Parece. Mas podem acreditar.

“Isto tudo começou com a ideia de criar uma nova experiência sensorial ligada ao consumo do café”, explica Cláudia Figueira, Head of Innovation da Diverge, o Centro de Inovação do Grupo Nabeiro. Afinal, a experiência de tomar café no fim da refeição num restaurante Michelin não é assim tão diferente de o fazer num café do bairro. Quer num cenário quer noutro, é pouco provável que o momento perdure na memória. E assim, o que representava uma experiência relativamente indiferente para o consumidor transformou-se num desafio para a equipa de desenvolvimento de produto da Diverge. Desejosos de mudar o paradigma, viraram atenções para o sistema tradicional de extração do café – e tiraram as devidas ilações.

A primeira é que o café entra sempre na chávena de forma gravitacional, ou seja, de cima para baixo. A segunda, que as máquinas de cápsulas pouco ou nada mudaram desde a sua génese, nos anos 70. A pergunta impôs-se de rompante: “E se tentássemos introduzir o café de outra forma?”

A resposta acabaria por lhes entrar de forma inesperada pela porta do escritório que ocupam no Parque das Nações, em Lisboa. “Veio um engenheiro novo para a equipa, que embora desconhecesse este dossiê, me perguntou, passado um tempo, o que achava de tentarmos os dois montar um sistema de café que funcionasse por baixo da chávena e não por cima, como era habitual”, recorda o responsável da equipa de engenharia, João Branco.

O designer francês usou uma expressão religiosa para justificar o design da nova máquina: chamou-lhe “um glorificador de café”. Como o café sai de baixo para cima e o copo está no topo, é como se a chávena estivesse depositada no cimo de um altar.

O novo engenheiro nem sequer vinha da área alimentar – construir motores de barco era a sua especialidade –, mas ainda assim, sem dizer nada a ninguém, tinha começado a desenvolver sozinho essa ideia na “garagem” da Diverge – um pequeno espaço isolado dentro do Centro de Inovação, com uma bancada de trabalho e ferramentas.

Quando pensou que a ideia poderia ter pernas para andar, decidiu expô-la à sua chefia, que não hesitou em explorar esse caminho. Depois de algumas semanas a trabalharem na maturação do conceito, mostraram o que tinham em mãos. “O projeto ficou entre nós”, diz Cláudia Figueira, “e passados três meses apresentámo-lo a Rui Miguel Nabeiro”. A resposta do CEO do Grupo Nabeiro não poderia ter sido mais entusiástica. A  partir desse momento, o pequeno projeto ganhou relevância e toda a equipa foi envolvida.

Passados dois anos, o sistema RISE teve a apresentação mundial na Web Summit de 2017. Em vez de se levar um protótipo, construiu-se uma máquina enorme que ocupava o stand da Delta quase por inteiro, como uma instalação artística. A ideia de despertar a atenção dos visitantes foi bem sucedida, mas o que importava era observar as reações ao café que entrava pela base do copo. “Foi o primeiro ponto de validação. Eram filas e filas. Toda a gente queria experimentar. Foi aí que tivemos a confirmação de que o conceito de ativar todos os sentidos estava validado.”

E repararam que havia algo de especial no café que era extraído de baixo para cima. “Quando começámos a desenvolver o projeto, mal tirámos o primeiro expresso a nossa engenheira química disse logo ‘Calma, este café é diferente. Vejo-o a olho nu, por isso vamos analisá-lo’”, recorda Cláudia sobre a descoberta de que o novo modo de extração beneficia até o próprio sabor.

“Com esta modificação extraímos o café diretamente para a chávena, o que significa que as propriedades aromáticas que tradicionalmente se perdem entre o momento em que o café sai da máquina e cai na chávena, aqui, devido ao novo sistema de extração, elas são enaltecidas, reforça a Product Development Manager, Paula Castelo. E isto é algo que a equipa só descobriu depois.

“Fomos à procura de um resultado e encontrámos outros inesperados, o que comprova que se trata de uma verdadeira inovação.”

Em suma, o expresso RISE tem mais textura, cremosidade, aroma e sabor. Já os estudos de neurociência demonstram que os olhos, de facto, não só comem como também bebem: “Houve pessoas que só de verem o café brotar de baixo para cima diziam logo, sem o terem provado, que era muito melhor.”

Depois deste primeiro momento de apresentação do sistema ao público, e de o mesmo ter sido aplicado noutros eventos, não faltaram oportunidades para recolher insights e inputs. O processo de desenvolvimento foi longo, tal como foi longo o processo de submissão de patentes. Todo o ecossistema RISE – o sistema de extração, a máquina e principalmente os copos – tem já 21 pedidos, quatro dos quais concedidos. “Estamos perante um produto disruptivo e inovador”, asseguram. Não foi apenas inverter o que existia, mas criar algo completamente novo, como explica João Branco: “Tivemos de reformular tudo o que é o sistema hidráulico normal de uma máquina de café. Tudo isto foi desenvolvido por nós.”

Compreendendo que é em casa das pessoas que o sistema RISE poderia brilhar com mais intensidade, passou-se à fase seguinte: miniaturizar tudo de modo a transformá-lo numa máquina doméstica, um eletrodoméstico. Esse ciclo de desenvolvimento ocupou os últimos quatro anos e envolveu , a convite de Rui Miguel Nabeiro, a curadoria e design do francês Philippe Starck, um dos designers e arquitetos mais conceituados do mundo. É dele a visão por trás da RISE Delta Q with Starck, cujos esquissos desenhou à mão em papel vegetal – não só a forma da máquina, como também os copos. O resultado está à vista: uma máquina inovadora que é fruto da proatividade dos engenheiros da Diverge, com linhas cuidadas e que tira um café expresso perfeito, mas ao contrário – de baixo para cima.

A transformação do sistema RISE num produto doméstico, um eletrodoméstico, ocupou os últimos quatro anos do processo de desenvolvimento.

Os pioneiros RISE

Estudos de consumidor e beta testers formam a última de uma longa série de testes, pesquisas e observações que, passo a passo, moldaram e validaram a forma final da RISE Delta Q with Starck. Por isso, há quem já a tenha em casa há meses – um privilégio que não está isento de obrigações.

Há quem veja vídeos de unboxing dos mais diversos produtos como passatempo – é, afinal, dos géneros mais populares no YouTube – e há quem o faça no local de trabalho, dentro do horário laboral, com o incentivo da chefe. Neste caso, foram 245 unboxings da RISE Delta Q with Starck a que a equipa da Diverge assistiu com o objetivo de estudar a primeira interação do consumidor com o produto. “A pessoa chega a casa e faz o quê, lê o manual de instruções ou tenta pôr a máquina a funcionar à primeira? E se começa pelo manual, com que dores se confronta na leitura?”, explica Paula Castelo, Product Development Manager da máquina que tira cafés de baixo para cima. “Para perceber tudo isso e retirar insights que nos permitissem melhorar o produto, era importante conhecer a perspetiva de quem olha de fora”, diz ainda sobre as 245 pessoas que participaram no estudo mas que, ao contrário dos beta testers, não puderam levar a RISE para casa.

A atenção ao consumidor, presente em todos os momentos do processo de desenvolvimento, virava-se agora para a atenção “do” consumidor, e logo no palco mais importante – no conforto do lar. À volta de 40 pessoas de diferentes targets demográficos foram selecionadas para serem os beta testers da RISE Delta Q with Starck. Incluídos nestes 40 magníficos estão colaboradores do grupo Nabeiro, mas também pessoas externas à empresa, consumidores que se encontravam dentro do target identificado pela Diverge. Sendo um projeto novo e confidencial, optou-se por manter um círculo de beta testers mais restrito. A confidencialidade foi ao ponto de os beta testers não poderem mostrar a RISE a amigos ou familiares (o que, na prática, é difícil de se controlar).

A ideia é que dessem à máquina uma utilização quotidiana e reportassem quaisquer problemas que surgissem. “O primeiro momento de avaliação deu-se quando receberam as máquinas; fizemos um segundo questionário para avaliar a experiência prolongada cerca de mês, mês e meio depois.” Além desses dois instantes, os beta testers tiveram sempre uma linha aberta para comunicar questões, dúvidas ou qualquer situação que pedisse um contacto – por regra, no news is good news. Esse olhar de fora, de alguém que não passou os últimos anos a interagir com a máquina e com os copos, revelou-se fundamental para simplificar o manual de instruções e alterar a apresentação do packaging.

A transformação do sistema RISE num produto doméstico, um eletrodoméstico, ocupou os últimos quatro anos do processo de desenvolvimento.

Made in Portugal

Assim como a RISE Delta Q with Starck foi idealizada, concebida e desenhada – com traço francês – em Portugal, também a sua produção foi mantida dentro de portas. Da máquina em si aos copos, todo o ecossistema RISE é de fabrico nacional.

Vários caminhos eram possíveis. A RISE Delta Q with Starck podia ter sido desenhada em Portugal e fabricada no estrangeiro – como acontece, por exemplo, com os iPhones “designed by Apple in California, assembled in China”. Ou a montagem dos componentes podia ter lugar na fábrica de Campo Maior  – como acontece noutras máquinas de café industriais e domésticas do universo Delta. Mas nem uma nem outra foi a via seguida pela Diverge.

Tudo isto representou um processo desafiante, a vários níveis. E no centro de todas as decisões, processos e interações esteve a unidade de inovação do grupo Nabeiro – quer junto dos parceiros de produção externos, na validação passo a passo do processo da linha de montagem, quer internamente, onde foi também sua a responsabilidade de formar as equipas do call center e do repair center.

Para produzir os copos furados na base, por exemplo, foi necessário criar primeiro a tecnologia que o possibilitasse. No caso da máquina, até um braço robótico foi desenvolvido de propósito. Depois, a pandemia não só dificultou a procura por fornecedores e parceiros em quem a equipa da Diverge confiasse, como constituiu um desafio acrescido pelos constrangimentos no transporte de materiais, pela escassez de componentes eletrónicos e ainda pelo impacto que as diferentes vagas tiveram na força de trabalho, com óbvias repercussões na linha de produção.

Foi então necessário reinventar o processo produtivo, o que pressupôs não apenas o desenvolvimento e a produção da máquina em si, mas também tudo o que lhe está associado, como o processo de testes de stress e de utilização intensiva a que a máquina foi sujeita para avaliar a sua durabilidade, resistência e antecipar potenciais constrangimentos.

No caso dos copos, foram desenhados de raiz os testes que avaliam a sua durabilidade, o comportamento ao longo do tempo após utilização e lavagens, o impacto do armazenamento de longa duração, quedas, transportes, vibrações e variações de temperatura. Foi também um desafio para as entidades certificadoras parceiras neste projeto, uma vez que no âmbito de home appliances (eletrodomésticos), tiveram de avaliar, testar e certificar um sistema até então não existia.

Resolvida a questão da industrialização da máquina e dos copos, a Diverge enfrentou ainda o desafio de procurar uma solução de packaging que estivesse em linha com a promessa da máquina. O resultado está à vista, perfeitamente ao contrário.