Foi fundada em 1987 no centro histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, por Ana Maria Pereira da Costa. Desde 1989 que o café é Delta, do lote Gold.
Tendência
“O pão quente estava na moda”, lembra Ana Maria Pereira da Costa, justificando a opção de criar, em 1987, com o então marido, uma boutique especializada no fabrico de pão. “Abrimos com uma grande produção de padaria com forno de lenha e, em simultâneo, também fazíamos pastelaria com massa brioche e massa folhada.” Hoje já não se usa lenha, todos os fornos são elétricos.
Fabrico próprio
No ano de 1991, com a ajuda do filho, Luís Armando, arrancou também a produção de doces tradicionais da ilha. “Achei que havia uma lacuna na doçaria regional terceirense e por isso comecei a experimentar receitas antigas, dos meus antepassados”, recorda. “Hoje, os nossos doces são muito apreciados, não só os de origem conventual, como também os das casas burguesas aqui da cidade.”
Conventual e burguesa
Todos os bolos, biscoitos, doces e pães são de fabrico próprio. Como as cornucópias de ovos moles ou o pudins conde da Praia, de origem conventual, e que noutros tempos, conta a proprietária d’O Forno, eram apreciados pelo visconde de Bruges e pelo conde da Praia da Vitória. Bem à vista na montra da pastelaria, diante de cada tipo de doce está um QR Code. “Chega aqui um japonês ou italiano, quer conhecer a história do bolo e basta-lhe apontar o telemóvel ao QR Code.”
Dona Amélia
A visita da rainha Dona Amélia, em 1901, esteve na origem do que é hoje o doce mais popular da ilha e da pastelaria O Forno. “Havia que presentear a rainha, que vinha aos Açores pela primeira vez com o rei D. Carlos, com algo diferente”, diz Ana. Algo como uma espécie de queijada, confecionada com farinha de milho, mel de cana e especia-rias. “Daí resultaram uns bolinhos que a rainha muito apreciou e que hoje comercializamos numas caixinhas para levar.”
Sismo de 1980
O prédio onde se encontra a pastelaria desabou com o grande terramoto que abalou o arquipélago dos Açores em 1980. Foi reconstruído, mas só em 1987 ficou pronto para a inauguração d’O Forno. Muitos engenheiros e eletricistas necessários para reconstruir Angra do Heroísmo vieram do continente para a ilha, levando consigo algumas tradições: “Só então é que o bolo-rei começou a ganhar algum peso nos costumes da ilha”, recorda Ana.