O quê
Corpos estranhos
Onde
Centro de Ciência do Café
Noutros tempos, ao abrir os sacos de café verde vindos de paragens tão distantes como o Quénia, a Colômbia, o Brasil ou Timor, entre outras, encontravam-se, por vezes, algumas surpresas no seu interior. Adelino Cardoso, responsável pela torrefação da Novadelta, chamava-lhes “os corpos estranhos”. “É tudo o que não era café”, resume.
Esses corpos estranhos podem ser descritos de outra forma. Eram uma espécie de perdidos e achados do café, objetos diversos que – por descuido dos trabalhadores agrícolas responsáveis pelo enchimento dos sacos – iam parar ao seu interior. Iam, já não vão, porque hoje existem processos de limpeza nos países de origem.
Mas ao longo de 60 anos de atividade da Delta deu para encontrar nesses sacos de tudo um pouco. “Tirámos de lá paus, pedras, uma catana, facas, chinelos, até uma vassoura grande”, começa por enumerar Adelino. Os objetos mais invulgares foram entregues no Centro de Ciência do Café e estão hoje expostos numa das zonas do museu. Entre eles incluem-se talheres, chaves e até maços de tabaco de origens longínquas. Mas houve uns quantos que não chegaram a esse destino. “Uma vez, encontrámos umas notas da Guatemala dentro de um saco. Houve aqui uma confusão para ver quem é que ia ao banco trocar, mas chegaram lá e aquilo não valia nada”, recorda Adelino. O que o responsável ainda guarda no seu escritório são uns ganchos que servem para puxar os sacos e que também foram encontrados no seu interior. “Aquilo dá jeito”, explica. Mais jeito do que as notas guatemaltecas.