Há quem veja vídeos de unboxing dos mais diversos produtos como passatempo – é, afinal, dos géneros mais populares no YouTube – e há quem o faça no local de trabalho, dentro do horário laboral, com o incentivo da chefe. Neste caso, foram 245 unboxings da RISE Delta Q with Starck a que a equipa da Diverge assistiu com o objetivo de estudar a primeira interação do consumidor com o produto. “A pessoa chega a casa e faz o quê, lê o manual de instruções ou tenta pôr a máquina a funcionar à primeira? E se começa pelo manual, com que dores se confronta na leitura?”, explica Paula Castelo, Product Development Manager da máquina que tira cafés de baixo para cima. “Para perceber tudo isso e retirar insights que nos permitissem melhorar o produto, era importante conhecer a perspetiva de quem olha de fora”, diz ainda sobre as 245 pessoas que participaram no estudo mas que, ao contrário dos beta testers, não puderam levar a RISE para casa.

A atenção ao consumidor, presente em todos os momentos do processo de desenvolvimento, virava-se agora para a atenção “do” consumidor, e logo no palco mais importante – no conforto do lar. À volta de 40 pessoas de diferentes targets demográficos foram selecionadas para serem os beta testers da RISE Delta Q with Starck. Incluídos nestes 40 magníficos estão colaboradores do grupo Nabeiro, mas também pessoas externas à empresa, consumidores que se encontravam dentro do target identificado pela Diverge. Sendo um projeto novo e confidencial, optou-se por manter um círculo de beta testers mais restrito. A confidencialidade foi ao ponto de os beta testers não poderem mostrar a RISE a amigos ou familiares (o que, na prática, é difícil de se controlar).

 

A transformação do sistema RISE num produto doméstico, um eletrodoméstico, ocupou os últimos quatro anos do processo de desenvolvimento.

A ideia é que dessem à máquina uma utilização quotidiana e reportassem quaisquer problemas que surgissem. “O primeiro momento de avaliação deu-se quando receberam as máquinas; fizemos um segundo questionário para avaliar a experiência prolongada cerca de mês, mês e meio depois.” Além desses dois instantes, os beta testers tiveram sempre uma linha aberta para comunicar questões, dúvidas ou qualquer situação que pedisse um contacto – por regra, no news is good news. Esse olhar de fora, de alguém que não passou os últimos anos a interagir com a máquina e com os copos, revelou-se fundamental para simplificar o manual de instruções e alterar a apresentação do packaging.