O primeiro coração num cappuccino terá sido desenhado na Vivace, uma cafetaria de Seattle, nos Estados Unidos, no final dos anos 80. De lá, a tendência espalhou-se nas últimas três décadas. Primeiro pelos quatro cantos dos Estados Unidos e depois pelo resto do mundo.
Hoje, quem pede um cappuccino pode, também, arriscar pedir corações, rosetas, formas geométricas, letras, números ou desenhos livres como decoração. A imaginação é o limite. Mas nem todos os baristas saberão corresponder: a arte de brincar com o creme de leite e criar padrões não é para qualquer um. Ou poderá ser? Na verdade, demora-se a dominá-la mas, ganhando-lhe o jeito, torna-se mais simples do que se possa pensar. E se não sai bem à primeira, sai bem à segunda ou à terceira.
Para aprender com quem mais sabe do assunto, torna-se indispensável uma visita à The Coffee House Experience da Avenida da Liberdade. É lá que por estes dias se encontram os melhores baristas da Delta, que passaram uma manhã a revelar à revista DDD os segredos que estão por detrás de um cappuccino com nota artística. As técnicas mais comuns são duas: a latte art, que dá origem a desenhos mais fluidos e que contam apenas com o creme de leite, e o painting, que consiste em desenhar à mão as formas como quem rabisca uma folha com um lápis na mão. A primeira exige mais treino do que a segunda mas ambas são excelentes formas de tornar a preparação de um cappuccino mais prazerosa e de tornar a própria bebida uma obra de arte.
Latte art
Depois do expresso e da primeira e mais compacta parte do creme de leite, o famoso desenho da roseta cria-se num movimento único, que primeiro cria a folhagem da parte mais larga para a mais fina, e depois a cruza ao meio com uma linha diagonal, até à base. Os profissionais distinguem-se dos amadores pelas diferentes cores na folhagem, criadas com uma precisão de movimento que permite deixar a espuma mais clara e mais escura lado a lado.
Latte painting
Com uma ferramenta fininha, como um palito por exemplo, vai-se retirando aos poucos a espuma escura para criar figuras no círculo mais clarinho. Os corações e as flores, que são provavelmente as formas mais desenhadas em latte painting, começam por ser figuras circulares que, com uma passagem em linha reta que as desfaz na diagonal, ganham a forma pretendida. Para lhes dar mais expressão, pode optar-se por desenhar o primeiro círculo com topping de chocolate ou caramelo, que dá origem a linhas expressivas e que faz sobressair ainda mais o desenho final na chávena.