Um processo de insolvência fechou-lhe as portas, reabertas em 2017 quando um emigrante na Venezuela, Dionísio Sousa, o adquiriu. Ponto de passagem obrigatório para quem visita a ilha, é um dos cafés incontornáveis da Madeira.
Desde 1841
Sabe-se que já no século XIX o edifício Golden Gate era morada de café, que em 1921 funcionava lá o Hotel Golden Gate e que, a partir de 1928, se passou a chamar Grande Hotel Golden Gate. Em 1931 já se vislumbravam os toldos que ainda hoje marcam presença no primeiro andar. Quanto ao ano de fundação, Dionísio Sousa não tem dúvidas: “Todos sabem que o Golden Gate Grand Café abriu em 1841.”
Da Venezuela, com amor
A família emigrou para a Venezuela era Dionísio ainda garoto. “Estive lá muitos anos”, conta. Na verdade, ainda está, embora passe cada vez mais tempo na ilha para cuidar de um café que é ao mesmo tempo uma instituição funchalense e recordação de infância. “Lembro-me de vir de férias, com 10 anos, e de o meu pai me trazer cá praticamente pela mão. Ficou-me na memória.”
Elegância
As obras de renovação, em 1998, deram ao espaço uma elegância e requinte inspirados no estilo madeirense do século XIX. A decoração, as mesas em madeira e cromados e as cadeiras de vime na esplanada remetem para um passado em que a elite madeirense se reunia em convívios com viajantes e turistas que chegavam em pequenos cruzeiros.
Nova vida
Quer proprietários quer vizinhos foram mudando ao longo dos anos. Por exemplo, a partir de 1974, o hotel, no mesmo edifício, deu lugar a secretarias do Governo Regional. E se em 1998 se fizeram obras de renovação, 2014 foi um ano negro: por insolvência da sociedade que o explorava, fechou portas. Adquiri-lo em hasta pública, por 4,748 milhões de euros, e reabri–lo, foi, para Dionísio Sousa, o “cumprir de um sonho”.
O restaurante
Suba a escadaria até ao primeiro andar, procure um lugar na varanda debaixo do toldo e peça a carta, que este café também é restaurante – e um especializado “em pratos italianos e cozinha internacional”, conta Dionísio Sousa. Na pastelaria, recomenda-se a tarte de maçã, o strudel, o cheesecake e o pastel de nata. “É tudo de fabrico próprio”, assegura.
“World’s Corner” EST 1841.
A expressão foi cunhada por Ferreira de Castro no romance Eternidade, de 1933, no qual escreveu: “Aquele ângulo do Funchal era, entre as esquinas do Mundo, dos mais dobrados pelo espírito cosmopolita do século.” A frase, sobre o café onde paravam todos os que estavam de passagem pela ilha, está inscrita num medalhão de bronze, na fachada do edifício, desde 2001.