Que não se subestime a força de um clube e de uma aposta. O jogo de futebol já tinha sido dado como perdido quando Diogo Valente proferiu a seguinte promessa: “Se o Benfica ganhar, amanhã inscrevo-me no ginásio.” Naquele dia de 2018, o improvável aconteceu e a equipa do seu coração venceu mesmo a partida. “No dia seguinte, às sete e meia da manhã, estava no ginásio”, diz Diogo.

As máquinas de musculação podem intimidar qualquer estreante em ginásios, como era o seu caso. “Vi o Tiago e perguntei se podia treinar com ele”, recorda, sobre o momento em que conheceu o seu futuro sócio.

Uma amizade surgiu e logo ficou plantada a semente da qual mais tarde nasceria a Swee, a marca de gelados saudáveis, veganos e de produção 100% nacional de ambos – e que, em setembro de 2023, anunciou a sua entrada nos Estados Unidos nos ecrãs gigantes de Times Square, em Nova Iorque. 

Diogo Valente e Tiago Rebelo fundaram a Swee em julho de 2021 e logo no ano seguinte venceram o programa de aceleração de startups Start-to-Table. Foi assim que entraram no radar da Delta Ventures, a unidade de capital de risco com que a Delta Cafés apoia jovens empresas, e que patrocinou o evento. 

“Gostei muito deles, da forma como abordaram o mercado, e comecei a pensar se este produto não faria sentido no contexto Delta”, lembra Eunice Alves Costa, Head of Strategy and New Business, que destaca a capacidade dos fundadores em apresentar a proposta de valor da Swee. “Queremos trazer novos conceitos para dentro da Delta, novas visões e desafios”, refere, lembrando que a entrada da startup na Delta Ventures reflete a estreia do Grupo Nabeiro no mercado do frio. A integridade e humildade da dupla também não passou despercebida. “Começámos esta amizade muito assente no que era o nosso interesse, o empreendedorismo”, referem os fundadores. 

De volta a 2018. Sempre ligado à esfera da vida saudável, Tiago, formado em Gestão, partilhou com Diogo, da área da comunicação, a vontade de criar um evento de fitness. Criaram–no – o Healthy Market Cascais – e foi um sucesso, com mais de 200 marcas e 10 mil participantes.

Foi uma espécie de aquecimento para o que viria aí. “Enquanto indústria e sociedade, queremos ser todos muito mais saudáveis, mas as marcas cobram 10 vezes mais por isso”, sublinha Diogo.

A missão estava estabelecida: criar um produto saudável, vegano e acessível – acessível para a carteira e na proximidade ao consumidor no que concerne ao equilíbrio nutrição/sabor. Mas porquê gelados? “Tem um espectro emocional enorme”, diz Diogo. De facto, o consumo de gelado encerra esta dupla funcionalidade: adoça os dias felizes, mas também consola nos momentos mais difíceis.

O gelado da Swee faz-se de quatro componentes principais, fundamentais para que a promessa seja cumprida: utiliza coco em vez de natas, stevia no lugar do açúcar e ingredientes reais no lugar dos aromatizantes. O maior desafio foi encontrar um substituto para o leite capaz de conferir ao produto a mesma textura cremosa. “Percebemos que tínhamos de produzir o nosso leite de aveia para controlar o rácio aveia/água”, explicam.

Se para Tiago este foi o derradeiro “game changer”, para Diogo a prova de fogo aconteceu antes, no dia em que viu, pela primeira vez, os copos de gelado que desenhou para a marca. Sem orçamento para contratar uma equipa de designers, foi ele quem criou a primeira identidade visual da Swee. Mergulhou no universo dos programas de design, recorreu a tutoriais de YouTube e aconselhou-se junto dos amigos para conseguir criar as primeiras embalagens.

“Nunca tinha feito nada deste género”, conta. “Fomos ao Norte acompanhar a produção dos gelados. Quando abri a caixa e vi pela primeira vez o copo, pensei: ‘Se resolvemos isto, resolvemos qualquer coisa. É real, está aqui.”

A boa vontade e confiança do Senhor Salvador, dono da fábrica da Maia onde os gelados são produzidos, também foi importante para o sucesso da marca: “Disse que não nos cobrava nada e que íamos pagando à medida que fôssemos vendendo.”

Hoje, a Swee tem cinco sabores de gelado – chocolate com brownie, caramelo com brownie, sabor a Oreo, cookie dough e morango com pepitas de chocolate – e está presente em plataformas de entrega em casa e cadeias de supermercado de norte a sul do país, além dos Estados Unidos. Ao portefólio da startup, que também inclui pastéis de nata veganos sem açúcar, estão prestes a juntar-se dois novos sabores – prontos para adoçar os mais variados estados de espírito.