A tradição é o que era

Tudo na Pastelaria Gomes é feito à mão: do fondant com que se cobrem os doces aos picados de carne com que se recheiam os salgados. Trabalham 14 pessoas no fabrico dos produtos, que são sempre, sem exceção, feitos no dia e de raiz. Vale a pena prestar atenção aos pormenores nas massas, aos desenhos feitos com perfeição e até às caixas para levar, em papel, montadas habilmente e em segundos pelos funcionários.

Decoração vintage

O ambiente mantém-se o mesmo ao longo de quase um século de história, dos balcões em mármore às paredes em madeira, mesmo que poucas peças sejam já as de origem. As mais antigas são as cadeiras, com as iniciais pg gravadas na madeira. Condizem com as – um pouco mais recentes – chávenas de café, personalizadas pela Delta, com o logótipo da Pastelaria Gomes.

Pastelaria fina

Uma casa é feita das pessoas que por ela passam, e esta não é exceção. Cid Gomes destaca o senhor Reboredo, velho mestre da pastelaria, que durante o Estado Novo veio fugido do Porto e acabou por trabalhar muitos anos no estabelecimento. Foi ele quem trouxe o conhecimento para apostar na pastelaria fina e que, com dois aprendizes, acabou por construir essa cultura. “Transformou a Casa Gomes em Pastelaria Gomes.”

Vidas passadas

Abriu em 1925, não como pastelaria, mas como casa de serviço de refeições e mercearia fina, com produtos diferenciados para a época – como fiambre, bacalhau, chocolates ou especiarias. No final dos anos 70, no pós-25 de Abril, chegou também a estar registada como “leitaria”, sendo aquele, durante alguns anos, o único ponto de venda de leite em Vila Real.

Senhor Gomes

Ao fundo da sala está uma homenagem ao fundador da casa, Manoel dos Santos Gomes. Um busto em madeira, encomendado pelos filhos, como homenagem ao pai. Cid Gomes, neto e atual proprietário, garante que ainda há de fazer o busto da avó, para completar o tributo. “Foi um projeto em comum, do casal. Não é atrás – mas ao lado – de um grande homem que está uma grande mulher”, garante.

Sabores centenários

É em particular o covilhete, folhado de carne, típico de Vila Real, que dá fama à Pastelaria Gomes. Mas não é a única estrela nas compridas e preenchidas vitrinas: entre os bestsellers da casa estão também o napoleão, o éclair, a bola de Berlim, o caramujo e, claro, o guloso pastel de toucinho–do-céu (destacado nas 7 Maravilhas Doces de Portugal como “crista de galo”).