Paris
Café du Château Chez César et Paulo

“Não é para me armar, mas é um lugar especial e até mítico, voilà!”, resume com entusiasmo César Martins. Quando chegou a Paris, em 1987, o café pertencia a um casal seu conterrâneo, de Sanfins da Castanheira, aldeia perto de Chaves. Com apenas 21 anos, César fez dele a sua segunda casa nos primeiros tempos de emigrante em França. Quando os donos quiseram vender o café, César agarrou a oportunidade.

César e o seu irmão Paulo transformaram tudo, da fachada aos interiores, mas principalmente a clientela. “Antes, as mulheres até tinham medo de entrar. Onde é que já se viu?!” O ambiente tornou-se desde logo mais aberto e convidativo. Para isso, contribuiu muito a mudança do fornecedor de café. À época, a Delta começava a expandir-se em França, e o lote Bar, escolhido pelos irmãos Martins, fez as delícias dos clientes. “Era um produto novo para eles, não tinha nada que ver com os cafés americanos que se bebiam na cidade. Passou um, passaram dois, perceberam que o café era bom e pegou a moda.” Nessa altura, chegaram a vender três quilos de café por dia – isso sim, um verdadeiro exagero para o recém-aberto Café du Château.

Mais de três décadas volvidas, o café Delta – hoje do lote Diamond – mantém-se a imagem de marca da casa, mas partilha as atenções com outras iguarias portuguesas: o lema é café, vinho verde e cerveja. “Não é que não se bebam estas três coisas noutros sítios, mas vir aqui fazê-lo é diferente. É a forma como as pessoas são recebidas, é partilhar a mesa com um estranho e, daí a um bocado, ser o melhor amigo dele. Isto não se explica.”